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"O século foi americano", "diz" mostra em Nova York
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
Este é o "século americano" como o anterior havia sido o britânico. Em Nova York, o Whitney Museum mostra como os EUA se auto-retrataram nestes cem anos.
"O Século Americano" é empreitada curatorial tão grande, que o
Whitney teve de dividir a exposição em duas. A primeira parte, que
abrange o período que vai de 1900
a 1950, aberta em maio, fica em
cartaz até 22 de agosto.
Claro que se pode questionar a
arbitrariedade das datas. Nenhum
século, do ponto de vista histórico,
político e cultural, começa no seu
ano um. O século 20 teve início
quando acabou a Primeira Guerra
Mundial, e criou-se espaço para a
hegemonia internacional dos
EUA. Por isso, não soa estranho
que, no 5º andar do museu, onde a
mostra começa, os primeiros quadros nada tenham de século 20.
No que a curadora Barbara Haskel chama de "Era da Confiança"
(1900-1919), a arte norte-americana ainda quase se limitava a reproduzir padrões do classicismo; até o
impressionismo era novidade.
Os EUA encaravam o futuro com
otimismo, mas ainda se enxergavam, no campo das artes, como
subproduto da Europa.
De fato, só sua emergência da Segunda Guerra Mundial como a liderança do Ocidente parece ter dado autoconfiança ao país para
acreditar na sua capacidade de
produzir cultura de qualidade.
Foi o expressionismo abstrato
que consagrou os EUA no campo
da pintura. Vai ser preciso esperar
a segunda parte da mostra para
poder checar esse período.
Mas em alguns campos das artes,
em especial aqueles em que se valia
de tecnologias recentes (como fotografia, cinema, arquitetura, música), os norte-americanos começavam a se destacar, com nomes
como Alfred Stieglitz (fotos) e
Frank Lloyd Wright (arquitetura).
Stieglitz, marido de Georgia
O'Keefe, tornou-se o maior incentivador do modernismo nas artes
plásticas nos EUA, com sua galeria
em Nova York, a 291, que serviu de
quartel-general para o movimento, ignorado pelo grande público,
no início deste século.
Como quase todas as exposições
de arte (ou de história) realizadas
nos EUA, a do Whitney dá destaque a manifestações da cultura de
massa, que é, como se sabe, a área
em que o país se saiu melhor do
ponto de vista intelectual.
No 4º andar, está a "Idade do
Jazz", em que a importância central da cultura de massa para a manifestação artística nos EUA é mais
bem compreendida. O período de
20 a 29, de grande prosperidade
econômica, do rádio, dos grandes
ídolos da tela, do cinema falado, do
charleston, dos arranha-céus, é o
do desenvolvimento artístico de
O'Keefe, Stella, Stuart Davis, Edward Hopper e Arthur Dove.
"América em Crise" (1930-1939)
mostra período em que as artes
nos EUA rumaram para direções
como regionalismo, neo-realismo
e introspecção. São terrenos em
que os americanos não pisam com
firmeza, embora obras interessantes de Grant Wood e Thomas Hart
Benton tenham sido feitas então.
O abstracionismo, com Davis,
Alexander Calder e Willem de
Kooning, estabeleceu-se como
tendência também nessa época.
Ele seria o movimento que consagraria os EUA no mundo das artes
na segunda metade de seu século.
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