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Banda virou clássico 18 anos depois
da Redação
O Ultraje a Rigor nasceu durante
o regime militar, quando havia (ou
tinha que haver) paródias inteligentes no rock, duplos e triplos
sentidos nas letras. Rock'n'roll
descompromissado, divertido, irreverente, vigoroso.
São do tempo em que cantar em
português errado ("Mim Quer Tocar", "Inútil" -"a gente somos
inútil") tinha graça. São pioneiros
no rock-besteirol-sexual sem serem babacas. São os tios musicais
dos Raimundos e parentes distantes dos Mamonas Assassinas.
Nunca precisaram falar do suor
na vagina, mas eram infinitamente
mais contundentes ao gritar "Filha
da Puta" (89), um ano depois de a
censura ser abolida no país, ainda
que fossem medrosamente censurados por rádios e TVs.
Sugeriam o uso de camisinha como modo de conquistar a moça,
em "Volta Comigo" (89), quando o
termo politicamente correto inexistia nos manuais dos chatos.
Não eram sexistas em músicas
com louvor à mulher, como "Eu
Gosto de Mulher", eram rock na
essência, um gênero masculino
por excelência.
Estrearam com um compacto
ironizando o capitalismo com
"Mim Quer Dinheiro" (de novo
ela), de 83, a mesma ganância com
a qual Roger hoje se ressente.
Nunca tiveram preocupações em
fazer arranjos elaborados, letras
"cabeças" -nem em 1999-, projetos acústicos para ter que estar
em evidência. Não precisaram
lamber as botas de Roberto Carlos
como vários de sua geração fazem
hoje com imensa cara-de-pau,
com o infame intuito de obter credibilidade, pobres coitados.
Credibilidade, coerência e idoneidade não se conquistam, baby;
têm-se ou não. Hoje o Ultraje a Rigor não tem nada a declarar e o faz
de modo honesto. Continuam musicando o nada com rock, punk,
new wave, algum ska, cheios de
"pá,pá,pá". Viraram clássicos.
Aumenta muito isso aí!
(MN)
Avaliação:
Disco: 18 Anos sem Tirar
Banda: Ultraje a Rigor
Lançamento: Abril Music
Quanto: R$ 18, em média
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