São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TEATRO
Rosset lança maratona para atores

João Quaresma/ Folha Imagem
Cacá Rosset (centro) assiste a uma cena a seus pés feita pelos candidatos Fabiana Alvarez e Igor Cotrim


DANIELA ROCHA
da Reportagem Local

Como você interpretaria esta fala: "Meu amor, por que essas lágrimas? Emoção? Tristeza? Oh, meu Deus, arrependimento. Isto é arrependimento! E bem no meio do meu êxtase!". Ou esta: "Então abra seu coração e deixe que as minhas ações penetrem na tua alma". Ou ainda: "Ah, como eu sou tola. Basta um olhar seu e fico toda derretida".
Se você pensou em interpretar com muito bom humor, pequena dose de canastrice e muita malícia, você pegou o espírito da coisa.
São falas de Valério e Elisa, personagens de "O Avarento", de Molière, que os candidatos a uma vaga no Grupo Ornitorrinco, de Cacá Rosset, tiveram que encenar durante a finalíssima de escolha dos atores jovens para o elenco.
Apenas quatro serão selecionados, dois rapazes e duas meninas. Os papéis que farão são Valério, Elisa, Cleonte e Mariana. "O Avarento", a próxima produção de Rosset, deve entrar em cartaz no segundo semestre, no Tuca.
De 700 inscritos, o diretor, junto de seu cenógrafo e figurinista, José de Anchieta, de sua assistente, Vivian Roizman, e de sua produtora Claudia Andrade, fez uma seleção de cerca de 190 para um teste prático na Arena do Tuca.
Em três dias, o diretor e sua equipe selecionaram sete pares de atores para a última e definitiva bateria de teste, que aconteceu no Salão Jacarandá, anexo ao teatro Hilton, anteontem (leia texto abaixo).
Os pares foram escolhidos aleatoriamente, segundo o diretor. "Contamos, talvez, um pouco pela altura, mas foi aleatório", disse.
No teste anterior, Cacá Rosset pediu que os atores encenassem um trecho de qualquer texto de Molière. A personagem mais encenada foi Inês, de "Escola de Mulheres". Os personagens masculinos variaram muito.
Perfil
Como o Brasil não é um país que tem companhias estáveis de repertório ou grandes montagens que façam testes de admissão de atores, a seleção de Cacá Rosset serviu para dar idéia de um perfil dos novos atores.
"A grande maioria dos novos atores passaram por alguma escola de teatro ou curso, como o Célia Helena, a Escola de Arte Dramática, a Unicamp, a ECA, Macunaíma, Indac, entre outros. Fiquei surpreso com o nível dos candidatos", disse o diretor.
A proporção de mulheres também foi bem superior que a de homens, 60% e 40%, segundo ele.
Apesar de ser um teste voltado para atores, surgiram até currículos de técnicos em computação e de dançarinas de strip-tease.
"Houve atores fora dos padrões para os personagens desta montagem -gordos demais, magros demais, ou muito velhos para o papel-, mas que me interessaram por seus tipos. Separei os currículos para chamá-los em montagens posteriores", disse Rosset.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.