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HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Artista prepara sequência de "O Cavaleiro das Trevas", com o super-herói Batman
Frank Miller quer reformar as HQs com "Cavaleiro 2"
ALEXANDRE MARON
DA SUCURSAL DO RIO
O roteirista e ilustrador norte-americano Frank Miller e a editora DC Comics anunciaram que
faltam poucos detalhes para o lançamento de "O Cavaleiro das Trevas 2", 14 anos depois do surgimento de uma das obras mais influentes das histórias em quadrinhos dos anos 80.
A nova minissérie deverá ser
lançada em junho de 2001 e já tem
um título provisório. "Batman:
the Dark Knight Strikes Back"
(Batman: o Cavaleiro das Trevas
Ataca Outra Vez).
Em 1986, "O Cavaleiro das Trevas" se tornou um sucesso instantâneo e levou o personagem ao topo do mundo pop.
Nessa minissérie em quatro
partes, o milionário Bruce Wayne, aos 50 anos de idade, não consegue aceitar o mundo decadente
e ultraviolento que o cerca e resolve voltar a usar o traje do Batman,
que havia abandonado dez anos
antes.
Ao longo dos quatro capítulos,
Miller mostra o que aconteceu
com alguns personagens do "universo DC", como a Mulher Maravilha e o Arqueiro Verde, e conta
que, em algum momento do passado recente, os heróis foram
proibidos de agir por um governo
opressor.
Sua volta inspira antigos inimigos a ressurgirem também. O Coringa chega a escapar de um hospício para ter um último duelo
contra o homem-morcego, seu
maior inimigo.
Mas o maior vilão da história é o
Super-Homem, que se transformou em uma espécie de defensor
do governo dos EUA.
Agora, Miller não dá muitos detalhes sobre o que fará, mas afirma que voltará ao personagem
três anos depois dos acontecimentos do fim da primeira história, que termina com Batman reunindo um grupo de jovens delinquentes e os treinando para enfrentar o crime.
Segundo o autor, a história terá
uma abrangência global, com
aparições de diversos personagens da DC, como o Lanterna
Verde e a volta de Oliver Queen, o
Arqueiro Verde.
Miller afirma também que Carrie Kelly, a Robin de "O Cavaleiro
das Trevas", terá um papel importante na história.
Outra promessa é trazer o Super-Homem de volta, ainda como
um operativo do governo norte-americano. "Mas dessa vez explicarei o que aconteceu", disse
Frank Miller em entrevista à revista norte-americana especializada em quadrinhos "Wizard".
O curioso é que, nos últimos
anos, Miller se tornou um militante da idéia de produzir personagens cujos direitos pertencessem aos autores, e não às editoras,
e não esboçava a intenção de voltar ao Batman. A DC resolveu o
problema contratando o editor
Bob Schreck, que trabalhou com
Miller na Dark Horse, que publicava sua série "Sin City".
Schreck diz que a história de
Miller surpreenderá a todos. "As
pessoas sempre acham que sabem como será uma sequência.
Mas ninguém imagina o que vem
por aí", provoca.
O autor diz que Schreck será seu
homem na DC lutando por seus
pontos de vista e que recebeu carta branca para brincar com os
personagens da editora.
"É claro que eles sabem que eu
não vou fazer uma história em
que o Super-Homem é um pedófilo, molestador de criancinhas",
brinca.
Referência
O ritmo, o estilo e o clima de "O
Cavaleiro das Trevas" influenciaram uma geração de artistas. Os
arquétipos de heróis soturnos,
amargurados e quase fascistas
que o autor criou se espalharam
por toda a indústria, gerando diversas cópias de qualidade duvidosa.
Muito do que veio depois -os
filmes do Batman para o cinema e
a ótima série de desenhos animados para a TV- foi resultado do
que se viu. O filme "Robocop", de
Paul Verhoeven, por exemplo, foi
tão nitidamente inspirado em "O
Cavaleiro das Trevas" que, quando se pensou em uma continuação, Miller foi contratado para escrever o roteiro.
Ele afirma que a volta ao Batman não é propriamente uma sequência, mas sim a oportunidade
de retomar idéias que não pôde
usar na época. Voltar a "Cavaleiro
das Trevas" é também, segundo o
autor, uma oportunidade de consertar o que ele considera um dano às HQs feito por sua obra.
"Essa será a minha chance de
passar por cima de todos os efeitos bizarros de "Cavaleiro" e
"Watchmen", de Alan Moore."
Mas para ele será também uma
volta a uma casa desarrumada.
Com um tom que beira a arrogância, promete consertar os erros
que diversos de seus colegas do
mercado de HQs cometeram.
"Fizeram muitas porcarias com
os super-heróis nos últimos anos.
Eles deixaram de ser heróis, e suas
motivações não são claras. Acho
que posso fazer algo de interessante pelo gênero", conclui.
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