São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Artista prepara sequência de "O Cavaleiro das Trevas", com o super-herói Batman
Frank Miller quer reformar as HQs com "Cavaleiro 2"

ALEXANDRE MARON
DA SUCURSAL DO RIO

O roteirista e ilustrador norte-americano Frank Miller e a editora DC Comics anunciaram que faltam poucos detalhes para o lançamento de "O Cavaleiro das Trevas 2", 14 anos depois do surgimento de uma das obras mais influentes das histórias em quadrinhos dos anos 80.
A nova minissérie deverá ser lançada em junho de 2001 e já tem um título provisório. "Batman: the Dark Knight Strikes Back" (Batman: o Cavaleiro das Trevas Ataca Outra Vez).
Em 1986, "O Cavaleiro das Trevas" se tornou um sucesso instantâneo e levou o personagem ao topo do mundo pop.
Nessa minissérie em quatro partes, o milionário Bruce Wayne, aos 50 anos de idade, não consegue aceitar o mundo decadente e ultraviolento que o cerca e resolve voltar a usar o traje do Batman, que havia abandonado dez anos antes.
Ao longo dos quatro capítulos, Miller mostra o que aconteceu com alguns personagens do "universo DC", como a Mulher Maravilha e o Arqueiro Verde, e conta que, em algum momento do passado recente, os heróis foram proibidos de agir por um governo opressor.
Sua volta inspira antigos inimigos a ressurgirem também. O Coringa chega a escapar de um hospício para ter um último duelo contra o homem-morcego, seu maior inimigo.
Mas o maior vilão da história é o Super-Homem, que se transformou em uma espécie de defensor do governo dos EUA.
Agora, Miller não dá muitos detalhes sobre o que fará, mas afirma que voltará ao personagem três anos depois dos acontecimentos do fim da primeira história, que termina com Batman reunindo um grupo de jovens delinquentes e os treinando para enfrentar o crime.
Segundo o autor, a história terá uma abrangência global, com aparições de diversos personagens da DC, como o Lanterna Verde e a volta de Oliver Queen, o Arqueiro Verde.
Miller afirma também que Carrie Kelly, a Robin de "O Cavaleiro das Trevas", terá um papel importante na história.
Outra promessa é trazer o Super-Homem de volta, ainda como um operativo do governo norte-americano. "Mas dessa vez explicarei o que aconteceu", disse Frank Miller em entrevista à revista norte-americana especializada em quadrinhos "Wizard".
O curioso é que, nos últimos anos, Miller se tornou um militante da idéia de produzir personagens cujos direitos pertencessem aos autores, e não às editoras, e não esboçava a intenção de voltar ao Batman. A DC resolveu o problema contratando o editor Bob Schreck, que trabalhou com Miller na Dark Horse, que publicava sua série "Sin City".
Schreck diz que a história de Miller surpreenderá a todos. "As pessoas sempre acham que sabem como será uma sequência. Mas ninguém imagina o que vem por aí", provoca.
O autor diz que Schreck será seu homem na DC lutando por seus pontos de vista e que recebeu carta branca para brincar com os personagens da editora.
"É claro que eles sabem que eu não vou fazer uma história em que o Super-Homem é um pedófilo, molestador de criancinhas", brinca.

Referência
O ritmo, o estilo e o clima de "O Cavaleiro das Trevas" influenciaram uma geração de artistas. Os arquétipos de heróis soturnos, amargurados e quase fascistas que o autor criou se espalharam por toda a indústria, gerando diversas cópias de qualidade duvidosa.
Muito do que veio depois -os filmes do Batman para o cinema e a ótima série de desenhos animados para a TV- foi resultado do que se viu. O filme "Robocop", de Paul Verhoeven, por exemplo, foi tão nitidamente inspirado em "O Cavaleiro das Trevas" que, quando se pensou em uma continuação, Miller foi contratado para escrever o roteiro.
Ele afirma que a volta ao Batman não é propriamente uma sequência, mas sim a oportunidade de retomar idéias que não pôde usar na época. Voltar a "Cavaleiro das Trevas" é também, segundo o autor, uma oportunidade de consertar o que ele considera um dano às HQs feito por sua obra.
"Essa será a minha chance de passar por cima de todos os efeitos bizarros de "Cavaleiro" e "Watchmen", de Alan Moore."
Mas para ele será também uma volta a uma casa desarrumada. Com um tom que beira a arrogância, promete consertar os erros que diversos de seus colegas do mercado de HQs cometeram.
"Fizeram muitas porcarias com os super-heróis nos últimos anos. Eles deixaram de ser heróis, e suas motivações não são claras. Acho que posso fazer algo de interessante pelo gênero", conclui.


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