São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 2002

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Novo CD da dupla Masters At Work é ponta do iceberg do hype em torno da disco music dos 70

Mestres da disco

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Revire os armários em busca daquele CD do filme "Priscilla, a Rainha do Deserto". Os anos 70 estão, mais uma vez, de volta.
Ainda discreto, um hype envolvendo a disco music começa a tomar forma. Em Londres, por exemplo, a onda é o drum'n'bass com pitadas de disco. Em Nova York, onde o gênero nasceu, no início dos 70, a história é fundir disco e house music.
Em São Paulo tem muito DJ fazendo sets animadíssimos regados a disco. E não estamos falando de DJ de festa de casamento.
Um dos empolgados fãs do gênero é o top de d'n'b Marky. "Se me convidassem para fazer uma festa fixa só de disco, toparia na hora", diz o DJ, um ávido colecionador de bolachas da década de 70 ("devo ter mais de 1.000").
Outro top animado com o (re)revival da disco é Mau Mau. "Acho que há um novo interesse nas músicas dos anos 70. Não sei se vai acontecer o mesmo hype que rolou com a década de 80. Mas quem é que sabe?", arrisca.
Parte da "culpa" pela recuperação do prestígio da disco recai sobre a dupla nova-iorquina Masters At Work.
Renomadíssimos produtores e DJs -"melhores do mundo", segundo Marky- Kenny Dope, 32, e Little Louie Vega, 37, lançaram em abril "Our Time Is Coming". Quase dez anos depois do disco de estréia ("The Album", de 93), o MAW fez um álbum que já nasceu um clássico da disco music.
Se eles se sentem responsáveis pelo hype? Modéstia à parte, sim. "Temos orgulho de termos inspirado outras pessoas a olhar para a disco com mais carinho", disse à Folha, por e-mail, Little Louie Vega. Leia, a seguir, a entrevista com o músico, produtor e DJ.

Folha - Depois que o CD de vocês foi lançado, muita gente tem voltado atenções para a disco music...
Little Louie Vega -
Temos orgulho de termos inspirado outras pessoas a olhar para a disco com mais carinho. Isso aconteceu por causa do nosso amor pela música ao vivo. Esse foi o tom da era disco. A música era tocada e não feita apenas por sequenciadores. Acho que esse feeling está no nosso som. A música que fazemos busca inspiração no passado. E vamos falar uma verdade: a melhor produção musical de todos os tempos foi feita nos anos 70.

Folha - Vocês são DJs também. Tocam esse tipo de som porque falta um feeling humano nas pistas?
Vega -
Sim! Não estou dizendo que música eletrônica não pode ter feeling. E é essa mistura que buscamos com o MAW. Ao vivo, tocamos teclado, mas usamos bateria eletrônica, por exemplo.

Folha - Você tem saudade da ferveção da disco music da Nova York do final dos anos 70?
Vega -
Já vivi muitas épocas diferentes dentro da dance music. É difícil dizer o que foi melhor. Mas, sim, dá saudade das noites incríveis de clubes como Loft e Paradise Garage e seus DJs geniais.

Folha - E a noite de NY hoje?
Vega -
Tem coisas muito legais acontecendo. O clube Shelter, onde tenho a festa Dance Ritual, é muito legal. E tem ainda o Arc, o Roxy... são clubes com sistemas de som incríveis.

Folha - O novo CD demorou tanto para sair por causa do trabalho de vocês como produtores?
Vega -
Fazemos muita coisa ao mesmo tempo e parir um disco como "Our Time Is Coming" dá um trabalho absurdo.



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