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Novo CD da dupla Masters At Work é ponta do iceberg do hype em torno da disco music dos 70
Mestres da disco
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Revire os armários em busca
daquele CD do filme "Priscilla, a
Rainha do Deserto". Os anos 70
estão, mais uma vez, de volta.
Ainda discreto, um hype envolvendo a disco music começa a tomar forma. Em Londres, por
exemplo, a onda é o drum'n'bass
com pitadas de disco. Em Nova
York, onde o gênero nasceu, no
início dos 70, a história é fundir
disco e house music.
Em São Paulo tem muito DJ fazendo sets animadíssimos regados a disco. E não estamos falando de DJ de festa de casamento.
Um dos empolgados fãs do gênero é o top de d'n'b Marky. "Se
me convidassem para fazer uma
festa fixa só de disco, toparia na
hora", diz o DJ, um ávido colecionador de bolachas da década de
70 ("devo ter mais de 1.000").
Outro top animado com o
(re)revival da disco é Mau Mau.
"Acho que há um novo interesse
nas músicas dos anos 70. Não sei
se vai acontecer o mesmo hype
que rolou com a década de 80.
Mas quem é que sabe?", arrisca.
Parte da "culpa" pela recuperação do prestígio da disco recai sobre a dupla nova-iorquina Masters At Work.
Renomadíssimos produtores e
DJs -"melhores do mundo", segundo Marky- Kenny Dope, 32,
e Little Louie Vega, 37, lançaram
em abril "Our Time Is Coming".
Quase dez anos depois do disco
de estréia ("The Album", de 93), o
MAW fez um álbum que já nasceu um clássico da disco music.
Se eles se sentem responsáveis
pelo hype? Modéstia à parte, sim.
"Temos orgulho de termos inspirado outras pessoas a olhar para a
disco com mais carinho", disse à
Folha, por e-mail, Little Louie Vega. Leia, a seguir, a entrevista com
o músico, produtor e DJ.
Folha - Depois que o CD de vocês
foi lançado, muita gente tem voltado atenções para a disco music...
Little Louie Vega - Temos orgulho de termos inspirado outras
pessoas a olhar para a disco com
mais carinho. Isso aconteceu por
causa do nosso amor pela música
ao vivo. Esse foi o tom da era disco. A música era tocada e não feita
apenas por sequenciadores. Acho
que esse feeling está no nosso
som. A música que fazemos busca
inspiração no passado. E vamos
falar uma verdade: a melhor produção musical de todos os tempos
foi feita nos anos 70.
Folha - Vocês são DJs também.
Tocam esse tipo de som porque falta um feeling humano nas pistas?
Vega -Sim! Não estou dizendo
que música eletrônica não pode
ter feeling. E é essa mistura que
buscamos com o MAW. Ao vivo,
tocamos teclado, mas usamos bateria eletrônica, por exemplo.
Folha - Você tem saudade da ferveção da disco music da Nova York
do final dos anos 70?
Vega -Já vivi muitas épocas diferentes dentro da dance music. É
difícil dizer o que foi melhor. Mas,
sim, dá saudade das noites incríveis de clubes como Loft e Paradise Garage e seus DJs geniais.
Folha - E a noite de NY hoje?
Vega - Tem coisas muito legais
acontecendo. O clube Shelter, onde tenho a festa Dance Ritual, é
muito legal. E tem ainda o Arc, o
Roxy... são clubes com sistemas
de som incríveis.
Folha - O novo CD demorou tanto
para sair por causa do trabalho de
vocês como produtores?
Vega - Fazemos muita coisa ao
mesmo tempo e parir um disco
como "Our Time Is Coming" dá
um trabalho absurdo.
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