São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

2ª FLIP

"É bom que escritores saiam, se exibam, brinquem", diz Chico

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
O compositor e escritor Chico Buarque é assediado por fãs ao sair de hotel, em Parati, na Flip 2004


CASSIANO ELEK MACHADO
LUIZ FERNANDO VIANNA

ENVIADOS ESPECIAIS A PARATI
Das 21h10 às 21h40 de anteontem, Chico Buarque fez sua primeira sessão de autógrafos como escritor em meio a um enorme tumulto. Mais tarde, ele passeava tranqüilamente em Parati.
Aparentemente paradoxais, os dois momentos retratam a Flip 2004: um lado pop, com a presença de Caetano, Arnaldo Antunes, Luis Fernando Verissimo e Ziraldo, e a leveza dos autores em sua convivência com a cidade.
Chico dividiu com Paul Auster, anteontem, a mesa mais concorrida. Com capacidade para 550 pessoas, a Tenda dos Autores recebeu cerca de 700. Somando-se o público que viu a dupla pelos telões na praça da Matriz, foram mais de 2.000 espectadores. Muitos buscaram um autógrafo de Chico, mas só 113 contemplados com senhas conseguiram.
"Fui fazer companhia ao Paul", brincou Chico, enquanto almoçava ontem com Auster, sobre ter aceitado estrear nas noites de autógrafo. Bem-humorado, ele foi ferino quando comentou que acompanhava as traduções de seus livros para inglês, francês, italiano e espanhol: "Falo mal essas línguas, quase tão mal quanto Fernando Henrique Cardoso". Ainda criticou a crítica ("É de péssima qualidade. E isso vale para música, literatura, todas as artes") e disse que não acredita que alguém compre um livro por ter visto o autor lendo um trecho.
Liz Calder, presidente da Flip, reconhece que ouviu pessoas se queixando da duração das leituras, em especial das de Chico e Auster, que ocuparam 60 dos 90 minutos da sessão. "Não achei tão longas. Auster é um leitor maravilhoso, e todos querem escutar o que Chico fala. Os que não lêem bem é que devem falar menos."
Chico e Auster fizeram o que o americano definiu como "jogo de pingue-pongue": Chico leu capítulos do seu "Budapeste" e de "Noite do Oráculo", novo livro de Auster. Seu colega fez o mesmo.
Ainda anteontem, Chico foi a uma cachaçaria dar parabéns para uma amiga que fazia aniversário -para quem puxou um coro de "Happy Birthday" apoiado por Auster, Ian McEwan, Martin Amis e sua filha Sílvia Buarque- e deu uma sambadinha quando entrou num restaurante em que músicos tocavam uma canção sua. À tarde, jogou futebol debaixo de chuva num campo.
Chico apoiou a exposição maior dos autores na Flip: "É bom que os escritores saiam da toca, se exibam, brinquem, bebam no botequim". Foi o que ele fez.


Texto Anterior: Dobradinha inglesa encerra a maratona com obras inéditas
Próximo Texto: Festival "está de bom tamanho"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.