São Paulo, terça, 12 de agosto de 1997.



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CACHÊS SUBFATURADOS
Mais famoso grupo punk participou do Close Up Festival, que pagou R$ 3 mil para banda estrangeira
Sex Pistols ganhou R$ 20 mil na Apoteose

LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial a Brasília

Punk rock não dá dinheiro. Pelo menos comparado a outros estilos de rock e a se acreditar no contrato obtido pela Folha do Close Up Festival, realizado no final do ano passado no Rio e em São Paulo.
Pelo contrato do festival, produzido pela Water Brother Productions, a banda Marky Ramone & The Intruders -do ex-baterista do Ramones- deixou os EUA e veio ao Brasil para faturar R$ 6 mil (R$ 3 mil por show).
A mais importante banda de punk da história, o Sex Pistols, também não custou muito para os organizadores.
Segundo o contrato, a banda inglesa, que estava há mais de 15 anos separada e apresentou no Brasil o show da turnê de volta do grupo, cobrou R$ 40 mil -R$ 20 mil por show, sendo R$ 14 mil para os músicos, R$ 3.200 para os técnicos e R$ 2.800 para o produtor.
Outro expoente do punk rock, o Bad Religion, recebeu R$ 13.200 pelas apresentações na Praça da Apoteose, no Rio, e na Pista de Atletismo do Ibirapuera, em São Paulo (R$ 6.600 cada uma, sendo R$ 5.400 para os músicos).
No documento firmado pelas bandas, a cláusula oitava especifica que o contrato será rescindido se, "por ordem de autoridade brasileira, forem suspensas as atividades da empresa contratante."
A Folha procurou a Water Brother para ouvir a versão da empresa. O dono da produtora, Phil Rodrigues, que mora em Miami, não retornou as ligações.
Multa
A Folha revelou que os contratos de shows internacionais realizados no Brasil estão sob investigação da Receita Federal, que suspeita de subfaturamento e fraude fiscal.
O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, afirma que o setor de jogos e diversão, como o de shows, pode servir para lavagem de dinheiro.
Recentemente, o fisco multou uma empresa, a Dell'Arte, por "omissão fiscal" relacionada à apresentação do tenor José Carreras em Manaus. O valor da multa aplicada foi de R$ 280 mil.
Além disso, o fisco considera que contratos obtidos pela Folha -entre eles o dos Rolling Stones e o do Kiss- apresentam "valores inexpressivos" e têm "indícios de subfaturamento".



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