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ARQUITETURA
Projeto prevê reforma em ex-prédio da FFLCH e construção de praça
Maria Antonia ganha revitalização
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O edifício da antiga Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP tem uma história
tão movimentada como a rua Maria Antonia, em que se instala.
Depois de ser palco de batalha
estudantil no regime militar e hoje convertido em Ceuma (Centro
Universitário Maria Antonia), é
hora de uma reforma arquitetônica fazer com que o edifício gere,
também, uma espécie de respiro
ao entorno da Vila Buarque (centro de São Paulo).
Uma praça pública, que se abre
para a rua, é o ponto forte do projeto de recuperação do Ceuma,
que deve começar a sair do papel
no primeiro semestre de 2003.
Para ajudar a arcar com os custos do projeto, orçado em R$ 3,5
milhões, o Ceuma abre hoje o
Tusp (Teatro da USP) para um
leilão de arte.
As obras, que devem gerar cerca
de R$ 500 mil, foram doadas por
colecionadores e pelos próprios
artistas -Cildo Meireles, Waltércio Caldas, entre outros. Além da
renda do leilão, o projeto conta
com R$ 1 milhão da construtora
Gafisa e uma parcela de dinheiro
da USP -R$ 100 mil para a primeira etapa da reforma e uma segunda cota a definir.
Parceria
Dono de dois prédios na rua, o
espaço utiliza hoje somente o edifício Ruy Barbosa -o de colunas
brancas de inspiração clássica.
Com a obra, o contíguo Joaquim Nabuco, hoje interditado,
vai passar a receber as exposições
que o centro já promove, além de
abrigar o Instituto de Arte Contemporânea -que já existe, mas
não em sede própria.
Idealizado pela galerista Raquel
Arnaud -responsável pelo leilão
de hoje- em 1997, o IAC reúne
documentação e obras de Sergio
Camargo, Mira Schendel e Willys
de Castro, que não estão representados em coleções públicas.
O acordo com o Ceuma estabelece um comodato de cinco anos
para que o IAC use um terço do
edifício, em troca da ajuda na reforma do conjunto todo.
Sua primeira etapa propõe a reformulação do espaço do Joaquim Nabuco e uma caixa de circulação vertical no Ruy Barbosa,
com escada de segurança e elevador. Num segundo momento, haverá a adaptação interna do espaço do Ruy Barbosa, que será dedicado a atividades de ensino.
O ponto alto do desenho é a ligação entre os dois edifícios a partir do subsolo comum, pela parte
de trás do Ruy Barbosa e lateral
do Joaquim Nabuco, no vazio para o qual hoje já se abre o Tusp.
Onde hoje há um muro, será
aberta uma passarela, no nível da
rua, que desce em rampa até a
praça criada entre os dois prédios.
Nela haverá um café, servindo
tanto de espaço público durante o
dia como de foyer do teatro para
espera dos espetáculos.
O arquiteto Fernando Viégas,
31, explica que "os edifícios são
tombados pelo valor da história
da faculdade", permitindo que o
projeto (já liberado pelos órgãos
de preservação do patrimônio) tivesse liberdade para tratar a parte
interna do Joaquim Nabuco, preservando a fachada art-déco.
O piso térreo terá as exposições
temporárias da instituição, enquanto o piso superior abrigará as
permanentes do IAC.
"O partido do projeto é a criação de um espaço público. Ele
preserva o que o prédio representa e tem a idéia de que a universidade volta a se abrir para a cidade", define Viégas.
LEILÃO DE ARTE - Em benefício da
reforma do Ceuma. Onde: Tusp (subsolo
do Ceuma - r. Maria Antonia, 294, tel. 0/
xx/11/3255-5538). Quando: hoje, às 21h.
Entrada franca. Lances mínimos de R$
300 a R$ 39 mil.
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