São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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ARQUITETURA

Projeto prevê reforma em ex-prédio da FFLCH e construção de praça

Maria Antonia ganha revitalização

FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O edifício da antiga Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP tem uma história tão movimentada como a rua Maria Antonia, em que se instala.
Depois de ser palco de batalha estudantil no regime militar e hoje convertido em Ceuma (Centro Universitário Maria Antonia), é hora de uma reforma arquitetônica fazer com que o edifício gere, também, uma espécie de respiro ao entorno da Vila Buarque (centro de São Paulo).
Uma praça pública, que se abre para a rua, é o ponto forte do projeto de recuperação do Ceuma, que deve começar a sair do papel no primeiro semestre de 2003.
Para ajudar a arcar com os custos do projeto, orçado em R$ 3,5 milhões, o Ceuma abre hoje o Tusp (Teatro da USP) para um leilão de arte.
As obras, que devem gerar cerca de R$ 500 mil, foram doadas por colecionadores e pelos próprios artistas -Cildo Meireles, Waltércio Caldas, entre outros. Além da renda do leilão, o projeto conta com R$ 1 milhão da construtora Gafisa e uma parcela de dinheiro da USP -R$ 100 mil para a primeira etapa da reforma e uma segunda cota a definir.

Parceria
Dono de dois prédios na rua, o espaço utiliza hoje somente o edifício Ruy Barbosa -o de colunas brancas de inspiração clássica.
Com a obra, o contíguo Joaquim Nabuco, hoje interditado, vai passar a receber as exposições que o centro já promove, além de abrigar o Instituto de Arte Contemporânea -que já existe, mas não em sede própria.
Idealizado pela galerista Raquel Arnaud -responsável pelo leilão de hoje- em 1997, o IAC reúne documentação e obras de Sergio Camargo, Mira Schendel e Willys de Castro, que não estão representados em coleções públicas.
O acordo com o Ceuma estabelece um comodato de cinco anos para que o IAC use um terço do edifício, em troca da ajuda na reforma do conjunto todo.
Sua primeira etapa propõe a reformulação do espaço do Joaquim Nabuco e uma caixa de circulação vertical no Ruy Barbosa, com escada de segurança e elevador. Num segundo momento, haverá a adaptação interna do espaço do Ruy Barbosa, que será dedicado a atividades de ensino.
O ponto alto do desenho é a ligação entre os dois edifícios a partir do subsolo comum, pela parte de trás do Ruy Barbosa e lateral do Joaquim Nabuco, no vazio para o qual hoje já se abre o Tusp.
Onde hoje há um muro, será aberta uma passarela, no nível da rua, que desce em rampa até a praça criada entre os dois prédios. Nela haverá um café, servindo tanto de espaço público durante o dia como de foyer do teatro para espera dos espetáculos.
O arquiteto Fernando Viégas, 31, explica que "os edifícios são tombados pelo valor da história da faculdade", permitindo que o projeto (já liberado pelos órgãos de preservação do patrimônio) tivesse liberdade para tratar a parte interna do Joaquim Nabuco, preservando a fachada art-déco.
O piso térreo terá as exposições temporárias da instituição, enquanto o piso superior abrigará as permanentes do IAC.
"O partido do projeto é a criação de um espaço público. Ele preserva o que o prédio representa e tem a idéia de que a universidade volta a se abrir para a cidade", define Viégas.


LEILÃO DE ARTE - Em benefício da reforma do Ceuma. Onde: Tusp (subsolo do Ceuma - r. Maria Antonia, 294, tel. 0/ xx/11/3255-5538). Quando: hoje, às 21h. Entrada franca. Lances mínimos de R$ 300 a R$ 39 mil.


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