São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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Para a atriz Jennifer Connelly, "Walter é maravilhoso" e "fantástico"

PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK

Um diretor brasileiro acostumado a filmar obras sensíveis roda seu primeiro longa em inglês, sobre um tema que não lhe é familiar, o horror, e com atores hollywoodianos com os quais jamais havia trabalhado. Apesar da química improvável, os atores de "Água Negra" foram só elogios a Walter Salles em Nova York.
"Walter é maravilhoso", falou a atriz principal do filme, Jennifer Connelly (que fez a mulher de John Nash em "Uma Mente Brilhante"). Questionada se faria mais um filme desse tipo, disse que, "se fosse com outro diretor fantástico, sim".
Tim Roth, o ator mais elogiado pelos críticos norte-americanos por sua atuação em "Água Negra", também creditou parte de seu desempenho à orientação de Salles. "Walter sabe como falar com os atores, ele reconhece o que cada ator precisa ouvir e fala de modo muito inteligente."
O elogio incondicional aos diretores, atores e produtores em filmes nos EUA faz parte da cerimônia das entrevistas pré-lançamento, mas no caso de Salles parece ter havido um genuíno interesse de seus dirigidos. "Adorei "Central Station" [Central do Brasil]", afirmou Roth, instado a contar o que sabia da obra de Salles. "Vi todos os seus filmes, menos os documentários", disse Connelly.

"O Bebê de Rosemary"
Para alguns dos envolvidos no trabalho, a trama do filme -uma mãe, sugada pelo paradoxo de sua extrema solidão mesmo em meio a uma cidade de milhões de habitantes, sua filha e o prédio assombrado- remete a um clássico do gênero, "O Bebê de Rosemary", de Roman Polanski. "Os dois filmes são sobre maternidade, e o prédio desempenha um papel importante", disse o roteirista, Rafael Iglesias, autor de uma adaptação dirigida por Polanski, "A Morte e a Donzela" (1994).
No material distribuído à imprensa nos EUA, o próprio Salles cita "O Bebê de Rosemary" como uma de suas fontes. O clássico de Polanski foi um dos muitos filmes a que Connelly assistiu para compor sua personagem. "Vi muitos filmes "de assustar", porque não tinha o vocabulário desse tipo de atuação", disse a atriz, que viu ainda "O Iluminado".

Recepção nos EUA
No seu primeiro final de semana nos EUA, em julho, "Água Negra" foi o quarto mais assistido e arrecadou US$ 10,1 milhões. As críticas foram variadas. A do "New York Times" foi negativa, dizendo que o filme é uma "refilmagem boba e ocasionalmente risível de um mais risível e talvez mais bobo ainda horror japonês". Já o "Chicago Sun-Times" elogiou a obra e a fotografia do brasileiro radicado nos EUA Affonso Beato. "O estilo visual sombrio combina com a palpitante escuridão do prédio."


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