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Para a atriz Jennifer Connelly, "Walter é maravilhoso" e "fantástico"
PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK
Um diretor brasileiro acostumado a filmar obras sensíveis roda seu primeiro longa em inglês,
sobre um tema que não lhe é familiar, o horror, e com atores
hollywoodianos com os quais jamais havia trabalhado. Apesar da
química improvável, os atores de
"Água Negra" foram só elogios a
Walter Salles em Nova York.
"Walter é maravilhoso", falou a
atriz principal do filme, Jennifer
Connelly (que fez a mulher de
John Nash em "Uma Mente Brilhante"). Questionada se faria
mais um filme desse tipo, disse
que, "se fosse com outro diretor
fantástico, sim".
Tim Roth, o ator mais elogiado
pelos críticos norte-americanos
por sua atuação em "Água Negra", também creditou parte de
seu desempenho à orientação de
Salles. "Walter sabe como falar
com os atores, ele reconhece o que
cada ator precisa ouvir e fala de
modo muito inteligente."
O elogio incondicional aos diretores, atores e produtores em filmes nos EUA faz parte da cerimônia das entrevistas pré-lançamento, mas no caso de Salles parece
ter havido um genuíno interesse
de seus dirigidos. "Adorei "Central Station" [Central do Brasil]",
afirmou Roth, instado a contar o
que sabia da obra de Salles. "Vi todos os seus filmes, menos os documentários", disse Connelly.
"O Bebê de Rosemary"
Para alguns dos envolvidos no
trabalho, a trama do filme -uma
mãe, sugada pelo paradoxo de sua
extrema solidão mesmo em meio
a uma cidade de milhões de habitantes, sua filha e o prédio assombrado- remete a um clássico do
gênero, "O Bebê de Rosemary",
de Roman Polanski. "Os dois filmes são sobre maternidade, e o
prédio desempenha um papel importante", disse o roteirista, Rafael Iglesias, autor de uma adaptação dirigida por Polanski, "A
Morte e a Donzela" (1994).
No material distribuído à imprensa nos EUA, o próprio Salles
cita "O Bebê de Rosemary" como
uma de suas fontes. O clássico de
Polanski foi um dos muitos filmes
a que Connelly assistiu para compor sua personagem. "Vi muitos
filmes "de assustar", porque não tinha o vocabulário desse tipo de
atuação", disse a atriz, que viu
ainda "O Iluminado".
Recepção nos EUA
No seu primeiro final de semana
nos EUA, em julho, "Água Negra"
foi o quarto mais assistido e arrecadou US$ 10,1 milhões. As críticas foram variadas. A do "New
York Times" foi negativa, dizendo que o filme é uma "refilmagem
boba e ocasionalmente risível de
um mais risível e talvez mais bobo
ainda horror japonês". Já o "Chicago Sun-Times" elogiou a obra e
a fotografia do brasileiro radicado
nos EUA Affonso Beato. "O estilo
visual sombrio combina com a
palpitante escuridão do prédio."
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