MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Copa da Alemanha, que será disputada no ano que vem, inspira uma série de 13 documentários sobre o país-sede da maior festa do futebol na TV Cultura. A estréia, porém, não tem bola.
Ancorado pelo repórter Nivaldo de Cillo, o programa de estréia caminha pela história da Alemanha nos 60 anos depois da Segunda Guerra Mundial. Um contexto de divisões e desigualdades.
Em linhas gerais, o programa mostra as dificuldades do país em lidar com o passado assombroso do nazismo, expiando suas culpas em monumentos, museus e ações reparatórias. Ao mesmo tempo, mostra o vão social que a derrubada do Muro de Berlim ainda não conseguiu diminuir.
Muito bem produzido, o programa de estréia mostra as diferenças entre o lado oriental e o ocidental, que se refletem também na escolha das sedes da Copa: do território que se alinhou com a União Soviética no pós-guerra, só Leipzig sediará jogos, além da antes dividida Berlim.
A festa da bola vai ficar mesmo do lado ocidental, onde o capitalismo fez florescer gigantes como a BMW e a Mercedes, o que atrai o poder econômico e permite a construção e reforma de moderníssimos estádios. Jóias como o Allianz Arena, de Munique, que pode receber 66 mil pessoas e ainda tem o luxo de mudar de cor.
"Cada programa vai mostrar desde o contexto histórico em que essa Copa será disputada à infra-estrutura que está sendo montada em cada cidade e no país, bem como as características de cada uma das 12 sedes do campeonato e os estádios em que serão disputadas as partidas", diz Flávio Adauto, diretor de Esportes da emissora.
Nesse misto de interesses esportivo e turístico, a série da TV Cultura acaba com saldo positivo. São raros os defeitos -o que mais chama a atenção é uma longa seqüência sonorizada com Pink Floyd para ilustrar a queda do Muro. Vale a olhada.