|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Em "Plano Perfeito", Lee recalca diferenças
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O 11 de Setembro parece ter
despertado em Spike Lee o
americano. Até então, ele parecia se reconhecer apenas como
afro-americano, como são designados os negros dos EUA.
Desde então, seus filmes mudaram um pouco nesse particular. A Nova York de "O Plano
Perfeito" (TC Pipoca, 20h),
por exemplo, é povoada de armênios, sikhs, judeus e negros.
Há diferenças, mas elas são recalcadas por esse vocabulário
bom-rapaz, ou politicamente
correto. Lee, que antes trabalhava dentro dessas contradições, parece, no século 21, ter
aceito o recalque.
É verdade que quem comanda o espetáculo é Denzel Washington, magnífico ator negro.
Ele é o detetive encarregado de
resolver o caso de um bem planejado assalto a banco.
Mas o problema maior está
do outro lado. O dono do banco
contrata uma especialista em
resolver casos delicados (Jodie
Foster). E o que há de delicado
nesse caso, além do dinheiro?
Esse é o segredo do filme. Pode-se dizer, em todo caso, que
remonta à Segunda Guerra.
É uma época conveniente,
pois envolve nazistas. E, no novo mundo de Lee (que parece
ter perdido as tensões próprias
dos conflitos de cor, costumes,
cultura), é preciso ir longe para
achar inimigo à altura. Hitler e
os banqueiros estão sempre
dispostos a encarnar o mal.
Será isso o anúncio da decadência de Spike Lee ou de uma
rendição ao cinema acomodado? Veremos na seqüência. Por
ora, o que se vê é interessante.
Texto Anterior: Caixas tiram o pó de "A Família Addams" Próximo Texto: Novelas da semana Índice
|