São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Crítica

Em "Plano Perfeito", Lee recalca diferenças

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O 11 de Setembro parece ter despertado em Spike Lee o americano. Até então, ele parecia se reconhecer apenas como afro-americano, como são designados os negros dos EUA.
Desde então, seus filmes mudaram um pouco nesse particular. A Nova York de "O Plano Perfeito" (TC Pipoca, 20h), por exemplo, é povoada de armênios, sikhs, judeus e negros. Há diferenças, mas elas são recalcadas por esse vocabulário bom-rapaz, ou politicamente correto. Lee, que antes trabalhava dentro dessas contradições, parece, no século 21, ter aceito o recalque.
É verdade que quem comanda o espetáculo é Denzel Washington, magnífico ator negro. Ele é o detetive encarregado de resolver o caso de um bem planejado assalto a banco.
Mas o problema maior está do outro lado. O dono do banco contrata uma especialista em resolver casos delicados (Jodie Foster). E o que há de delicado nesse caso, além do dinheiro? Esse é o segredo do filme. Pode-se dizer, em todo caso, que remonta à Segunda Guerra.
É uma época conveniente, pois envolve nazistas. E, no novo mundo de Lee (que parece ter perdido as tensões próprias dos conflitos de cor, costumes, cultura), é preciso ir longe para achar inimigo à altura. Hitler e os banqueiros estão sempre dispostos a encarnar o mal.
Será isso o anúncio da decadência de Spike Lee ou de uma rendição ao cinema acomodado? Veremos na seqüência. Por ora, o que se vê é interessante.

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