São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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"Série só acaba se ninguém mais fizer coisas estúpidas"

Na véspera do 100º episódio, criadores do "Caçadores de Mitos" dizem que tema não se esgota Com mais de 550 "lendas urbanas" já avaliadas, apresentadores testam soluções de MacGyver na abertura da sexta temporada

CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A SAN FRANCISCO

Em seis anos, eles já colocaram à prova cerca de 550 mitos, em mais de 120 horas de programa, com cerca de 250 explosões. Amanhã, no Brasil, vai ao ar o centésimo episódio de "Os Caçadores de Mitos", que testa soluções que MacGyver inventou na série dos anos 80 e inaugura a sexta temporada, pelo Discovery Channel. A Folha visitou os estúdios dos "caçadores", em San Francisco, Califórnia, onde a equipe guarda tudo o que já foi usado no programa, desde 2003, quando estreou. No Brasil, a série, hoje restrita à TV paga, ganhou popularidade em 2006, ao ser transmitida como um quadro do "Fantástico". Em meio a esqueletos, rabos de tubarão, bancos de avião, comida de rato, extintores de incêndio e manequins avariados, os apresentadores conversaram com jornalistas sobre os riscos e a graça da proposta da série -testar "lendas urbanas" e dizer se são fato ou mentira. Mais de cem episódios concluídos, o programa já precisa apelar a "mitos" do cinema ou a vídeos espalhados pelo YouTube. Os mitos estão se esgotando? A equipe, treinada, tem um discurso uniforme: "A série só acaba quando as pessoas pararem de fazer coisas estúpidas". Com óculos escuros, jeans, camiseta preta, sardas gritantes e unhas sujas, o ruivo da dupla principal de apresentadores, Adam Savage, 41, pede um café preto duplo, joga montes de açúcar e começa a contar seu novo mito preferido -o que testou se os elefantes têm mesmo medo de ratos. "Foi a coisa mais divertida que já fizemos", diz, antes de contar a experiência em detalhes (veja no quadro ao lado). "O show faz sucesso porque mostra o processo de descoberta. Não estamos num laboratório. [A série] É para satisfazer a minha curiosidade. Estamos genuinamente interessados no resultado."

Segurança
Na segunda xícara de café, Adam cita entre seus mitos preferidos "os mais difíceis". Sobre os que não deram certo ou terminaram em acidente, responde, com mistério: "Há incidentes sobre os quais não falamos". "Tivemos alguns chamados de alerta que ajudaram a nos manter em segurança. Pode ser amedrontador", diz ele, sério. "É bem mais divertido assistir aos experimentos do que fazê-los." Jamie Hyneman, 51, o mais sério da dupla "protagonista" da série, conhecida pelas explosões ou incêndios comuns a quase todos os episódios, chega para completar: "Você está vivo ou morto. Não há meio-termo. Às vezes as decisões são de vida ou morte, experimentamos os limites dos materiais. Quanto mais fazemos, mais medo temos -precisamos ter". Apesar da atmosfera de perigo, a gravação a que a reportagem assiste testa se uma cebola pode ser "eletrizada" por uma bebida energética e, assim, servir de carregador para um iPod. Uma das polêmicas que os cercam, aliás, é o grau de precisão científica dos experimentos. Para muitos cientistas, é zero. Adam e Jamie -que, aliás, parecem se dar muito bem, ao contrário do que propagandeiam- têm resposta padrão para a questão: não são especialistas, mas, com sua "ampla gama de conhecimentos" e a experiência em efeitos especiais, "acham soluções que um expert não encontraria".

A repórter CRISTINA FIBE viajou a convite do Discovery Channel.



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