São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 2002

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Guggenheim para quê?

Eduardo Castanho/Divulgação
O MAC de Niterói, projeto de Niemeyer



Mostra que revela boom de espaços culturais no Brasil levanta discussão sobre filial do museu de Nova York no Rio


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o curador Ricardo Ohtake iniciou o mapeamento sobre a revitalização de espaços culturais brasileiros para a mostra "Edifício da Arte", que é aberta hoje no Instituto Tomie Ohtake, sua posição era favorável à construção da filial do museu Guggenheim no Rio de Janeiro. Hoje, sua opinião é diferente.
"Fiquei surpreso com a expansão de instituições culturais pelo Brasil. Elencamos 19 museus que organizam mostras que podem ocupar qualquer espaço no mundo. Só em São Paulo, há duas semanas, havia oito ótimas exposições. Por tudo isso, passei a acreditar que o Guggenheim não tem nada a acrescentar ao país", diz Ohtake.
A opinião é compartilhada por Maria Lúcia Pereira de Almeida, a nova diretora-executiva do Instituto Itaú Cultural, um dos 19 espaços que fazem parte de "Edifício da Arte": "Precisamos refletir sobre nossa cultura e o Guggenheim é um alienígena nesse debate; nossa realidade é muito diferente da situação na Europa e nos EUA. O momento agora é o de reforçar as nossas instituições".
Já Edemar Cid Ferreira, presidente da associação BrasilConnects, que administra a Oca, no Ibirapuera, outra das instituições que constam na exposição, apóia a criação do museu: "Apesar do mundo globalizado não estar dando muito certo, o Brasil precisa participar desse processo e o Guggenheim é uma porta para entrarmos nos circuitos internacionais. Mas não pode ser uma presença de mão única". Para Heitor Reis, do MAM da Bahia, o Guggenheim no Rio ajudará a revitalizar a cidade.
Outros diretores de instituições que participam da mostra no Tomie Ohtake também trazem questões ao debate sobre o projeto do Guggenheim: "A concorrência é bem-vinda, mas o aporte para esse novo museu é altíssimo, e a pergunta é se os institutos nacionais não merecem tal apoio", diz Walter Vasconcelos, diretor do CCBB de SP.
Segundo a Folha apurou, o arquiteto francês Jean Nouvel já apresentou ao prefeito do Rio, Cesar Maia, o projeto para a construção do museu. A entrada será por um imenso aquário. O teto irá inverter a paisagem da cidade, sendo ocupado por árvores. Maia não confirmou a informação: "O Thomas Krens [diretor do museu de Nova York] e a equipe do Guggenheim chegam aqui na sexta-feira. Só eles podem informar", disse Maia à Folha. Anteontem o prefeito anunciou que assinará o contrato com o museu no próximo mês e iniciar a licitação para a construção em março de 2003.



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