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MÚSICA
Disco reúne músicas inéditas de novos compositores revelados em roda de samba que acontece toda segunda em Santo Amaro
Samba da Vela, 5, lança seu primeiro CD
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há quem reze para a vela não
apagar, porque, quando ela apaga, o samba termina e a comunidade chora. É assim toda segunda-feira, dia em que a chama do
Samba da Vela se nutre com músicas de novos compositores e intérpretes. Em cinco anos, 400
composições foram catalogadas,
20 das quais estão no primeiro CD
da roda, "A Comunidade Samba
da Vela", lançado neste mês pela
gravadora Pôr do Som.
"A gente é pé no chão. Queríamos fazer o nosso trabalho e, de
repente, apareceu a oportunidade
de gravar um CD. Foi dando pé e
virando uma realidade", diz Magnu Sousá, 31, um dos fundadores
do Samba da Vela, ao lado do irmão Maurílio (ambos do Quinteto em Branco e Preto) e dos compositores Paqüera e Chapinha.
Gravado ao vivo no Espaço Cachoeira, em São Paulo, o CD traz
sambas inéditos de novos compositores que via de regra ficam à
margem do mercado fonográfico.
"Eles compunham, mas não tinham espaço para mostrar. Começaram a freqüentar [a roda] e a
abrir o leque dos sambas que tinham em casa. Compunham,
gravavam uma fitinha e guardavam na gaveta. Aqui não, a gente
canta e o samba vai", conta Sousá.
É o caso de Adriano Carollo, Dú
Oliveira, Rodrigo Junior e Willian
Fialho, entre outros, todos com
músicas gravadas neste CD.
"Muitos artistas falam: "Mande
uma fita para eu ouvir". Acho isso
uma falta de respeito com o compositor. Montamos um espaço
onde os intérpretes podem ver a
intensidade dessa música", diz o
compositor Paqüera, 46. "Quando ele chega e escuta um samba,
sabe que vai fazer sucesso, como a
Beth [Carvalho] fez. Ouviu, se
emocionou e gravou."
Duas músicas do disco ("A Comunidade Chora" e "Madrinha")
foram gravadas pela sambista,
que desde o início dá sua bênção
ao Samba da Vela.
O álbum, com participações especiais de Oswaldinho do Acordeon, Seu Nenê da Vila Matilde e
Velha Guarda da Camisa Verde e
Branco, não deixa os freqüentadores de fora: há um coro com 120
vozes, como na contagiante "A
Comunidade Chora" ("Eu rezo
para essa chama não crepuscular/
Durar mais um minuto nessa hora/ Ah! Porque senão a comunidade chora/ Chora, chora...").
O início
Foi em julho de 2000, no bar Ziriguidum, o primeiro encontro da
roda que mais tarde daria origem
ao Samba da Vela. Na primeira
semana, eram cinco pessoas. Na
seguinte, 15. Hoje, são mais de 200
pessoas toda segunda, às 20h30.
"Quando o negócio começou a
tomar forma, fiquei preocupado.
Era o único que tinha que acordar
cedo para trabalhar. Os outros
eram músicos", conta Paqüera,
que tem uma empresa de serviços
elétricos. "Vieram as idéias mais
malucas para conseguirmos encerrar cedo: a ampulheta, o despertador, o galo. Eu sugeri a vela."
Desde 2002, a morada do Samba da Vela é a Casa de Cultura de
Santo Amaro (pça. Francisco Ferreira Lopes, 434, perto da av. João
Dias). Na entrada pede-se uma
colaboração de R$ 2 que ajuda a
custear os ingredientes da saborosa sopa do chef Oliveira.
"Mostramos os sambas direto
ao povo. É formação de opinião
no boca-a-boca", diz Paqüera.
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