São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2001

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CRÍTICA

Melancolia voa sobre os gêneros no quarto CD

DA REPORTAGEM LOCAL

Embora vários gêneros -sexuais, artísticos, culturais, geográficos- estejam em xeque em "Olha Ela de Novo", uma dose de dura melancolia é que se sobrepõe às identidades partidas em blocos que o Tetine, mais contemporâneo que nunca, vem cantar.
Tal melancolia percorre o disco, mas está comprimida e concentrada na única canção em português, a faixa-título. Cantada por Bruno, "Olha Ela de Novo" abandona por ora a antena mundial e soa encolhidinha, como Lobão, como o clube da esquina, como o Chico Buarque de "Construção", como o Brasil fora do mapa.
Que não se compreenda, por isso, Tetine como um duo entristecido. O canto-fala de Eliete conserva o cinismo sorridente habitual, em "Pig" (endereçada a um "porco misógino"), na ironicamente "bicho-grilo" "Peace and Happiness", na climática "She Never Stops Complaining", referente a todos os "transgêneros" em órbita.
O pop eletrônico diz aleluia também em parte grande do CD e promove instantes inspirados como a cândida "Moving On" ou a britpop "Save It for the Bar". Aí (e nas outras também) viajam influências, intencionais ou não, que vão dos Pet Shop Boys (outra dupla em que os integrantes gostariam de ocupar o mesmo lugar no espaço) a, mais para trás, o eletropop de Kraftwferk, Can e Neu!. Ah, e Lobão, é claro.
A questão de gênero fica em aberto, enfim. Homens-mulheres, desterrados acolhidos, músicos do teatro e das artes plásticas, os dois "tetines" escavam o chão de qualquer país em busca de respostas.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Olha Ela de Novo    
Dupla: Tetine
Lançamento: High School
Quanto: R$ 25, em média; à venda no Brasil pela internet (www.uol.com.br/tetine) ou na Bizarre (tel. 0/xx/11/ 220-7933)




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