São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2010

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Soprano Joan Sutherland morre aos 83

Conhecida como "La Stupenda", australiana lançou Pavarotti internacionalmente

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O bel canto acaba de perder um de seus paradigmas de excelência.
Uma das maiores cantoras da geração de Maria Callas (1923-1977) e incentivadora da carreira do tenor Luciano Pavarotti (1935-2007), a soprano australiana Joan Sutherland morreu no último domingo, em sua casa, em Genebra (Suíça), aos 83 anos. A causa da morte não foi divulgada até o fechamento desta edição.
Ícone de uma época em que as qualidades vocais contavam mais do que a aparência física, Joan Sutherland deslanchou a partir do casamento, em 1954, com o regente Richard Bonynge, seu compatriota, quatro anos mais jovem.
Se até então ela vinha sendo treinada para o pesado repertório wagneriano, Bonynge convenceu-a a mudar de caminho.
Era uma época em que as óperas do século 18 e o bel canto italiano estavam sendo redescobertos e, graças à decisiva orientação do marido, sua facilidade para os sobreagudos e a notável flexibilidade de sua voz fizeram dela o instrumento ideal para a escrita floreada e melódica do barroco e da escola de Rossini, Donizetti e Bellini.
Ganhou a alcunha de "La Stupenda" depois de uma montagem da ópera "Alcina", de Handel, no Teatro La Fenice, de Veneza, em 1960.
Ainda que a dicção e o trabalho com o texto cantado ficassem por vezes abaixo do ideal, seu nome ficaria associado ao papel-título de óperas essenciais do bel canto, que ela deixou gravadas em CD e DVD: "Lucia di Lammermoor", de Donizetti (que chegou a cantar ao lado do tenor brasileiro João Gibin, em ocasião documentada em disco), e "Norma", de Bellini.
Sutherland foi ainda a responsável pelo lançamento internacional do então jovem e desconhecido Pavarotti, na década de 1960.
Os dois fizeram história cantando "A Filha do Regimento", de Donizetti, sob a batuta de Bonynge.
Com o passar dos anos, a voz pesou, permitindo-lhe cantar óperas de Verdi, como "La Traviata" e "Il Trovatore", e mesmo gravar, com louvor, "Turandot", de Puccini -papel que, contudo, jamais cantou no palco.
A vasta carreira discográfica tem muitos álbuns elogiados, incluindo uma gravação de "Os Contos de Hoffmann", de Offenbach, em que ela canta as três heroínas da ópera -papéis com demandas bastante heterogêneas, tanto no aspecto vocal quanto no cênico e que costumam ser encarnados por cantores diferentes.
Mas é como "Norma" e "Lucia" que seu nome deve entrar para a história.


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