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Soprano Joan Sutherland morre aos 83
Conhecida como "La Stupenda", australiana lançou Pavarotti internacionalmente
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O bel canto acaba de perder um de seus paradigmas
de excelência.
Uma das maiores cantoras
da geração de Maria Callas
(1923-1977) e incentivadora
da carreira do tenor Luciano
Pavarotti (1935-2007), a soprano australiana Joan Sutherland morreu no último
domingo, em sua casa, em
Genebra (Suíça), aos 83 anos.
A causa da morte não foi divulgada até o fechamento
desta edição.
Ícone de uma época em
que as qualidades vocais
contavam mais do que a aparência física, Joan Sutherland deslanchou a partir do
casamento, em 1954, com o
regente Richard Bonynge,
seu compatriota, quatro anos
mais jovem.
Se até então ela vinha sendo treinada para o pesado repertório wagneriano, Bonynge convenceu-a a mudar de
caminho.
Era uma época em que as
óperas do século 18 e o bel
canto italiano estavam sendo
redescobertos e, graças à decisiva orientação do marido,
sua facilidade para os sobreagudos e a notável flexibilidade de sua voz fizeram dela o instrumento ideal para a
escrita floreada e melódica
do barroco e da escola de
Rossini, Donizetti e Bellini.
Ganhou a alcunha de "La
Stupenda" depois de uma
montagem da ópera "Alcina", de Handel, no Teatro La
Fenice, de Veneza, em 1960.
Ainda que a dicção e o trabalho com o texto cantado ficassem por vezes abaixo do
ideal, seu nome ficaria associado ao papel-título de óperas essenciais do bel canto,
que ela deixou gravadas em
CD e DVD: "Lucia di Lammermoor", de Donizetti (que chegou a cantar ao lado do tenor
brasileiro João Gibin, em ocasião documentada em disco),
e "Norma", de Bellini.
Sutherland foi ainda a responsável pelo lançamento
internacional do então jovem
e desconhecido Pavarotti, na
década de 1960.
Os dois fizeram história
cantando "A Filha do Regimento", de Donizetti, sob a
batuta de Bonynge.
Com o passar dos anos, a
voz pesou, permitindo-lhe
cantar óperas de Verdi, como
"La Traviata" e "Il Trovatore", e mesmo gravar, com
louvor, "Turandot", de Puccini -papel que, contudo, jamais cantou no palco.
A vasta carreira discográfica tem muitos álbuns elogiados, incluindo uma gravação
de "Os Contos de Hoffmann", de Offenbach, em
que ela canta as três heroínas
da ópera -papéis com demandas bastante heterogêneas, tanto no aspecto vocal
quanto no cênico e que costumam ser encarnados por
cantores diferentes.
Mas é como "Norma" e
"Lucia" que seu nome deve
entrar para a história.
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