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MODA
Temporada de desfiles termina em Milão
ERIKA PALOMINO
enviada especial a Milão
Terminou anteontem a temporada de desfiles do prêt-à-porter de
Milão, primavera-verão 99. O circo
da moda já está instalado em Paris,
onde as maisons desfilam suas coleções até o dia 20.
Nesse final, importantes marcas
italianas mostraram suas propostas, em estilos bastante diferentes.
A pedra preciosa do prêt-à-porter de Milão chama-se Marni. É o
chamado "talk of the town", a marca que se transformou na coqueluche entre "stylists" e editores de
moda depois da última temporada
("mídia junkies" da moda podem
se lembrar das botas tipo pata de
cachorro gigantes, presentes em
todos os editoriais, e das campanhas na "Vogue Itália").
Até a sisuda jornalista Susy Menkes, do jornal "International Herald Tribune" usou, no desfile, um
casaco de inverno Marni.
Pois na sexta-feira, às 9h30, lá estávamos todos nós, empolgados e
curiosos. Recebidos com café e
pássaros cantando, em clima de
manhã, num prédio do centro histórico de Milão, vimos que a Marni
não decepcionou (apesar do desfile um pouco alongado).
Desenhado pela estilista Consuelo Castiglioni, com styling (edição
e imagem) de Lucinda Chambers,
a marca, uma conhecida casa de
couro, conseguiu sintetizar o
"mood" da temporada, com um
hippismo romântico, leve, elaborado e tranquilo, em atmosfera
"Terceiro Milênio", cheio de ideais
de conforto e beleza.
O toque de futurismo/esporte ficava por conta de jaquetas de couro verde-água levemente brilhantes e maquiagem em amarelo metalizado; as meninas usavam tamancos com pele de vaca.
Ironicamente, a modernidade
em Milão não vem da agressividade e do choque, mas da delicadeza
e da poesia. Ao som de antigas caixinhas de música, as roupas compunham uma silhueta longa, em
que o vestido é a peça mais importante.
A imagem se forma de muita sobreposição e efeito trompe-l'oeil
de vestidos que parecem saia e blusa. As saias em si, essas são abaixo
do joelho, enquanto os vestidos
são acima do tornozelo, tudo muito à vontade, sem regras.
Casacos de finos feltros em cores
lavadas completam calças-pijama
em algodão e vestes de musselina,
esvoaçantes, enquanto um poncho
branco compõe com texturas o
look de Gisele Bundchen.
Cores marcantes: lilás, pink, verde, azul e amarelo. A estampa de
pequenas flores vermelhas sobre o
branco amarra a coleção.
Missoni foi outra satisfação da
sexta, com seus grafismos artísticos (Delaunay, Frank Stella, entre
outros) a serviço de uma moda
simples, segura e extremamente
estética. Roupa bonita mesmo.
Sempre com listras horizontais, a
marca cria uma mulher alongada.
Uma espécie de boina segura os cabelos, lembrando vagamente a
imagem de nostálgicas peregrinas.
Vestidos e saias são novamente
influentes, ganhando bordados
(em pontos grandes) ou camadas
em cores diferentes, misturando o
cru a tons como o lilás, o verde e o
salmão. A saia-lenço é uma forma
que aparece, encaminhando o desfile para terminar em longos sem
manga com fios de lurex.
Dolce & Gabanna, já um clássico
milanês, esperado por todos, não
empolgou tanto, com idéias um
pouco desgastadas.
Apresentou sua conhecida silhueta em forma de violão, dessa
vez com tecido holográfico duro,
em verde, azul, amarelo e vermelho, que acabou virando um inconveniente plástico que dobrava
embaixo, atrapalhando o andar.
Estruturas de corseletes se aplicavam a eles, em looks em crepe
pesado preto, variando para largas
faixas horizontais, a lembrar a
amarração dos quimonos, com
apliques de pequenas pérolas.
Outros orientalismos vêm nas
capas estampadas com bordado
em lilás, verde ou dourado, evoluindo para mangas-morcego em
preto. O desfile termina com vestidos-sereia de duas caudas, em
musselina de seda cor-de-pele, em
cinza esfumaçado e bege, com
shortinhos dourados por baixo.
Alberta Ferretti mostrou coleção
de formas retas e contemporâneas,
com o marrom como cor base e o
vermelho escuro de contraponto.
Ilustrações feitas de pontos de
costura ao contrário eram a principal idéia, mas o conjunto cansou
por sua ambição cool. De toda forma, roupa de extrema qualidade,
padrão italiano.
O todo-poderoso Giorgio Armani encerrou a temporada na tarde
de sábado, em Milão, com zilhões
de variações em torno do cinza e
das pantalonas com forros transparentes sobrepostos. Blazer, tomara-que-caia e blusas com echarpes completavam o verão supercomercial do estilista.
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