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CENTENÁRIO
Cidade natal do poeta é "decorada" com textos, recebe o Fórum Nacional Itabira no Século 21 e abriga projeto de Niemeyer
Itabira antecipa 100 anos de Drummond
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Itabira (MG), terra natal de
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987), começa a se preparar para tentar se transformar em
referência mundial para estudiosos e admiradores da obra do
poeta, cujo centenário de nascimento será em 2002.
O Fórum Nacional Itabira no
Século 21 - Centenário de Drummond reúne especialistas em literatura, como o escritor Affonso
Romano de Sant'Anna, o professor de literatura da Universidade
de São Paulo Augusto Massi, o
tradutor e genro do poeta, Manuel Graça Etcheverry, e seu neto,
Pedro Graça Drummond.
Ao mesmo tempo, a Prefeitura
de Itabira está montando um roteiro poético sobre Drummond.
Os locais da cidade, mencionados
em seus poemas, estão recebendo
placas com os poemas originais.
A iniciativa começou em setembro de 97 com uma homenagem ao santeiro Alfredo Duval,
citado em mais de uma poesia de
Drummond. O objetivo é incluir
um total de 33 locais no roteiro.
Segundo a coordenadora do
projeto, Maria Lúcia Gazire de Pinho Tavares, a maioria dos poemas são de "Boitempo". É o caso,
por exemplo, dos cemitérios do
Cruzeiro e do Rosário, que são títulos de duas poesias do livro,
mas há também obras famosas
como "José".
Para o professor Antônio Sérgio Bueno, estudioso da obra do
poeta, o roteiro integra Drummond novamente a sua cidade
natal, além de dar uma nova visão
de Itabira aos visitantes. "Sob o
olhar de Drummond, a cidade se
transfigura e se valoriza", disse.
Memorial
A festa do centenário começou
há um ano, com a inauguração do
Memorial Carlos Drummond de
Andrade, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
O memorial está instalado no
pico do Amor, cenário do poema
"Ausência", que começa da seguinte maneira: "Subir ao pico do
Amor/ e lá em cima/ sentir presença de amor".
O projeto, doado por Niemeyer
e patrocinado pela Fundação Vale
do Rio Doce, inclui uma sala de
convenções para 50 pessoas, salas
de apoio e uma galeria para exposição do acervo fotográfico e de
informações sobre o poeta.
Em frente ao prédio, Niemeyer
projetou um monumento na forma de uma folha de papel retorcida para abrigar o poema "Confidência do Itabirano".
Para o professor Bueno, esse
poema é uma "síntese" de sua relação com a cidade natal. "Itabira
é apenas uma fotografia na parede, mas como dói!" são seus versos finais.
"Drummond voltou poucas vezes à cidade, e alguns moradores
achavam que ele tinha menosprezo, mas isso não era verdade. Ele
dizia que pensava e sonhava "itabiranamente" e, por isso, não precisava ir a Itabira", afirmou o professor.
Drummond viveu na cidade
com a família até os 16 anos. Durante esse período, esteve internado em colégios de outras cidade.
Depois de formado em farmácia em Belo Horizonte, tentou ser
fazendeiro e professor em Itabira,
em 1926, mas, logo depois, voltou
à capital mineira para trabalhar
em um jornal.
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