DA REPORTAGEM LOCAL

Além de se tornar um marco na cinematografia brasileira, "São Paulo S/A" (1965) foi também uma espécie de reviravolta na carreira dos atores Eva Wilma, 72, e Walmor Chagas, 75, o casal Carlos e Luciana na trama.
"Era meu primeiro filme. Tinha feito só uma participaçãozinha de figuração [antes]", diz Chagas, nos extras.
São deliciosas suas lembranças da ida ao Festival dos Festivais, em Acapulco (México), onde ele, Person e Wilma tiveram "três dias fantásticos, de festas, jantares, hotéis, cascatas de camarão", em companhias como Betty Davis e Luis Buñuel.
"Pensa bem: um ator provinciano, do Rio Grande do Sul, que fez carreira em teatro em São Paulo, subitamente faz um filme, vai para um festival em Acapulco, cheio de filmes estrangeiros, com aqueles ídolos que a gente achava fantásticos, de igual para igual com eles, e um diretor fantástico diz pra mim: "Gostei muito de você". Pensei: minha carreira tá feita. Agora é daqui para Hollywood!", narra o ator.
Mas a carreira de Chagas prosseguiu no Brasil mesmo e, durante um bom tempo, ele tratou Person com frieza, quando o via no Gigetto.
"Fiquei com muitos ciúmes, porque, quando fez o segundo filme, não me convidou, convidou o Raul [Cortez, para "O Caso dos Irmãos Naves" (1967)]", confessa.
Eva Wilma diz que "São Paulo S/A" foi o filme que lhe deu "mais satisfação, não só realizar, como também mais resultados, por sua representatividade em tantos países".
A atriz tangencia a morte prematura do cineasta, num acidente de automóvel, ao falar da "perda doída" de um artista que "tinha muita coisa a realizar ainda".
E conclui delicadamente o depoimento a Marina Person, filha do cineasta: "Acho que tudo que ele realizou está frutificando até hoje". (SA)


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