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"Agora a casa está arrumada", diz presidente
DA REPORTAGEM LOCAL
O jeito foi embarcar no espírito de um velho ditado otimista que diz: "Há males que vêm
para o bem". O presidente da
Fundação Bienal de São Paulo,
Manoel Pires da Costa, assumiu, em entrevista coletiva na
sexta, que a crise de 2007 -sua
administração teve de responder a uma série de denúncias ao
Ministério Público- pesou na
decisão de aceitar a proposta de
curadoria de Ivo Mesquista,
uma bienal sem artes plásticas.
No entanto, para o presidente, mesmo tendo surgido de um
"verdadeiro vendaval", o projeto é "extremamente moderno".
Ivo Mesquita, também presente na coletiva, deu continuidade à defesa da idéia. Ele acha
que o modelo da Bienal de Veneza, referência mundial das
bienais, envelheceu.
"Os museus, galerias e espaços culturais, muito deles criados no entorno das bienais, já
estão fazendo um papel muito
parecido. As bienais precisam
apontar um novo caminho."
Mesquita disse ainda que essa "reflexão" seria proposta
mesmo no caso de haver tempo
para o planejamento de uma
bienal convencional. "É um
projeto que eu faria de qualquer maneira. Uma espécie de
grande conferência, para pensar de forma profunda."
A mostra de 2008, para o curador, funcionaria, portanto,
como um "hiato" necessário
para colocar os velhos padrões
em xeque. "Não dá mais para
seguir um modelo do século 19
em pleno século 21", disse.
"Acho que o modelo da primeira Bienal, de 1951, com sua
proposta de lançar nossos artistas no exterior, já está logrado, já foi realizado."
Em relação à dívida financeira da Bienal com artistas, profissionais técnicos e diversas
instituições, que participaram
da última edição da mostra, Pires da Costa prometeu pagá-las
até o fim do ano. Já sobre o catálogo da 27ª edição, diz que ele
acabou de ser editado e está
sendo impresso.
"Tive de enfrentar um verdadeiro vendaval, responder denúncias ao Ministério Público,
conversar com autoridades,
com o prefeito, com o governador. Mas agora a casa está arrumada e já estamos passando
por um período de tranqüilidade", disse.
(GUSTAVO FIORATTI)
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