São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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Para Ramos, livro premiado é "exceção"

Artista acredita que Portugal Telecom buscou em sua obra literária uma alternativa à "tirania do gosto"

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

O artista plástico e escritor Nuno Ramos, 49, diz não ter dimensão do que significou levar, na noite de anteontem, os R$ 100 mil do primeiro lugar no Prêmio Portugal Telecom.
Não sabe avaliar porque não leu nenhum dos títulos que concorriam com seu "Ó" (Iluminuras) na prestigiosa honraria literária. Nem o romance "Ontem Não te Vi em Babilônia", do português António Lobo Antunes, de quem é grande admirador.
"Juro que vou ler todos os outros. Para saber o valor do meu prêmio. Vou ler numa posição confortabilíssima", diz, achando graça, e em seguida faz um "mea-culpa". "É uma situação nova para mim. Não conheço bem a literatura recente. Sou antes de tudo artista plástico."
Mas ele arrisca uma razão pela qual seu livro, misto de ensaio e poesia com toques ficcionais, venceu os de autores conceituados como Lobo Antunes e João Gilberto Noll (que ficou em segundo, levando R$ 35 mil por "Acenos e Afagos").
Para Ramos, foi a "confusão" de que trata o livro que o colocou numa "categoria de exceção" interessante ao prêmio. "Vivemos numa época de blocos de gosto. Com o trabalho pesado de editoras, de agentes culturais, isso ficou um pouco tirânico. Acho que o prêmio veio ressaltar a necessidade de uma janela, de um "outro"."
Concorriam ainda com "Ó" livros dos portugueses Inês Pedrosa, Gonçalo M. Tavares e José Luís Peixoto, além de obras dos brasileiros Eucanaã Ferraz, Silviano Santiago, Maria Esther Maciel e Lourenço Mutarelli -que, em sua estreia em indicações a prêmios literários, ficou em terceiro, por "A Arte de Produzir Efeito sem Causa", e levou R$ 15 mil.


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