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Para Ramos, livro premiado é "exceção"
Artista acredita que Portugal Telecom buscou em sua obra literária uma alternativa à "tirania do gosto"
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
O artista plástico e escritor
Nuno Ramos, 49, diz não ter dimensão do que significou levar,
na noite de anteontem, os R$
100 mil do primeiro lugar no
Prêmio Portugal Telecom.
Não sabe avaliar porque não
leu nenhum dos títulos que
concorriam com seu "Ó" (Iluminuras) na prestigiosa
honraria literária. Nem o romance "Ontem Não te Vi em
Babilônia", do português António Lobo Antunes, de quem é
grande admirador.
"Juro que vou ler todos os
outros. Para saber o valor do
meu prêmio. Vou ler numa posição confortabilíssima", diz,
achando graça, e em seguida faz
um "mea-culpa". "É uma situação nova para mim. Não conheço bem a literatura recente. Sou
antes de tudo artista plástico."
Mas ele arrisca uma razão
pela qual seu livro, misto de ensaio e poesia com toques ficcionais, venceu os de autores conceituados como Lobo Antunes
e João Gilberto Noll (que ficou
em segundo, levando R$ 35 mil
por "Acenos e Afagos").
Para Ramos, foi a "confusão"
de que trata o livro que o colocou numa "categoria de exceção" interessante ao prêmio.
"Vivemos numa época de blocos de gosto. Com o trabalho
pesado de editoras, de agentes
culturais, isso ficou um pouco
tirânico. Acho que o prêmio
veio ressaltar a necessidade de
uma janela, de um "outro"."
Concorriam ainda com "Ó"
livros dos portugueses Inês Pedrosa, Gonçalo M. Tavares e
José Luís Peixoto, além de
obras dos brasileiros Eucanaã
Ferraz, Silviano Santiago, Maria Esther Maciel e Lourenço
Mutarelli -que, em sua estreia
em indicações a prêmios literários, ficou em terceiro, por "A
Arte de Produzir Efeito sem
Causa", e levou R$ 15 mil.
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