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Padrão musical invejável valoriza a ópera "Pagliacci"
Direção engenhosa supera pobreza da produção
JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A música é lindíssima, os
cantores são muito bons e a direção cênica é engenhosa. Está
em cartaz no teatro São Pedro,
em São Paulo, amanhã e domingo, a ópera "Pagliacci", do
compositor italiano Ruggiero
Leoncavallo (1857-1919).
Único e forte indício de pobreza da produção: os cantores
e o coro são acompanhados por
apenas um piano, substituído
durante curtos e intermitentes
minutos por um conjunto de
câmara formado por violino,
viola, oboé, fagote e trompa. As
orquestras que acompanharam
o "Pagliacci", desde aquela que
Arturo Toscanini regeu na estreia, em 1892, têm naipes completos e dezenas de músicos.
A direção cênica desse "Pagliacci" é de Lívia Sabag, de 29
anos e grandes ideias, como a
de sofisticar e aprofundar a
analogia entre os enredos do
primeiro e do segundo ato.
Em resumo, há uma história
real, em que o principal ator de
um grupo de teatro mambembe é traído pela mulher. Mas eis
que o adultério se torna objeto
de uma historieta dramatizada
diante de uma aldeia calabresa
(o coro), por volta de 1870.
A história real se apodera da
ficção, e o palhaço Cânio (cantado pelo tenor Martin Mühle)
acaba matando com uma punhalada a pobre Nedda, a esposa que o traiu (a soprano Manuela Freua), e por quem são também apaixonados Tônio e Sílvio (os barítonos Sebastião Teixeira e Felipe de Oliveira).
É um elenco homogêneo e de
padrão musical invejável. Seu
desempenho é auxiliado pela
regência -o maestro põe o foco
na direção dos cantores- do jovem Otávio Simões, que é descendente de Carlos Gomes, autor de "O Guarani".
Esse é o segundo espetáculo
do São Pedro a ser encenado este ano com um mecanismo que
permite o acompanhamento
por deficientes visuais.
PAGLIACCI
Quando: sex., às 20h30, e dom., às 17h
Onde: teatro São Pedro (r. Barra Funda,
171, tel. 0/xx/11/3667-0499)
Quanto: de R$ 10 a R$ 20
Classificação: 12 anos
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