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MÚSICA
CD póstumo reúne oito sobras das gravações dos dois álbuns individuais do líder da banda Legião Urbana
Renato Russo faz seu "Último Solo"
LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial ao Rio
Um ano após sua morte, o cantor
Renato Russo volta às lojas com
um novo disco. "O Último Solo"
reúne sobras de estúdio dos dois
álbuns de Renato sem a Legião Urbana: "The Stonewall Celebration
Concert" (1994) e "Equilíbrio Distante" (1995).
Do primeiro, cantado em inglês,
sobraram quatro músicas ("Hey,
That's No Way to Say Goodbye",
"The Dance", "I Love You
Porgy" e "Change Partners"); do
segundo, mais quatro ("Il Mondo
Degli Altri", "Ti Chiedo Onestà",
"Lettera" e "E Tu Come Stai?").
Três músicas ficaram de fora das
sobras. Segundo o tecladista e arranjador Carlos Trilha, que produziu o CD, a qualidade da voz e da
interpretação de Renato ficariam
muito aquém de "O Último Solo".
"As músicas em condições de
serem apresentadas e que ele gostaria que fossem apresentadas ao
público são essas que estão no disco", disse.
Acústico
Isso não quer dizer que esse será
o derradeiro disco póstumo com a
voz de Renato Russo.
Segundo João Augusto, diretor
artístico da EMI, ainda há muita
coisa inédita da Legião Urbana. De
uns tempos para cá, ele passou a
gravar shows de seus artistas. Por
isso, há diversos shows com excelente qualidade artística. Há também registros de ensaios.
Entre esse material inédito está o
"Acústico" que a Legião fez com a
MTV. O grupo gravou duas horas,
e foram exibidos cerca de 50 minutos.
Uma das idéias do grupo era lançar uma caixa com essas sobras e
ensaios. E há muitas sobras.
"O Renato sempre trabalhou
por excesso. Ele brincava dizendo
que seus discos começavam triplos, passavam a duplos e eram
lançados como simples", disse
João Augusto.
Isso ocorria nos discos solo e do
grupo. "Em 'The Stonewall Celebration Concert' trabalhamos com
48 músicas para tirar 30 e depois
começar a ensaiar. Em 'Equilíbrio
Distante' começamos com 21 para
depois ficar em 13", contou Trilha.
Uma curiosidade. As músicas em
inglês que entraram em "O Último Solo" ficaram de fora de "The
Stonewall Celebration Concert"
por uma questão técnica.
Na época, a fábrica que produziu
o disco só podia utilizar até 70 minutos do CD. Renato foi obrigado
a limar quatro músicas.
Alterações
Trilha, que co-produziu os dois
discos de Renato, começou a trabalhar em "O Último Solo" em
março. Ele diz que teve muito trabalho para limpar os registros com
a voz do cantor. Principalmente
nas quatro músicas em italiano
-com apenas a voz guia gravada.
Em duas músicas ("The Dance"
e "Il Mondo Degli Altri") houve a
adição de uma orquestra com mais
de 40 músicos atendendo a indicações de arranjo do próprio Renato.
A gravação foi feita no estúdio 1
de Abbey Road. Foi lá também que
o álbum foi masterizado, por Nick
Webb (Paul McCartney, Genesis,
Rolling Stones e Pink Floyd).
O disco, com menos de 30 minutos de duração, vem com alguns
atrativos como compensação. Há
uma faixa multimídia interativa
para CD-ROM com o clipe de
"Strani Amore" -de "Equilíbrio
Distante"- e 12 minutos de um
depoimento em áudio de Renato
para a divulgação de seu CD anterior.
Título do disco
O título do CD foi uma escolha
do pai do cantor, Renato Manfredini. Uma escolha de duplo sentido. "Musicalmente ele não vai
cantar mais. O outro solo a que se
refere o título é o solo de flores que
ele escolheu para ter as cinzas dispersas", revelou.
Por isso, a capa é um quadro de
flores pintado pela irmã do cantor,
Carmem. "Renato sempre disse
que esse quadro era dele e que um
dia ele iria para seu apartamento."
Ele disse que a família não pretende fazer uma biografia de Renato -e contou que, até agora, se
negou a colaborar com quem quis
fazer. Mas pretende fazer uma
compilação com as letras do cantor, incluindo as inéditas.
"Ele sempre nos disse que as letras eram bem explícitas e que
quem procurasse entendê-las não
precisaria saber da vida dele."
O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite
da gravadora EMI.
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