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Moma - Cinema brasileiro para americano ver
Divulgação
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Bruno Campos e Glória Pires em cena de "O Quadrilho" (1995) de Fábio Barreto, um dos destaques da mostra de cienam promovida pelo Moma
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Começa hoje no museu nova-iorquino a retrospectiva "Cinema Novo and Beyond", que reúne um total de 61 longas e 17 curtas nacionais rodados entre 1961 e 1998
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AMIR LABAKI
de Nova York
Uma projeção para convidados
do thriller político "Ação entre
Amigos", de Beto Brant, seguida
de um jantar, inaugura na noite de
hoje, no Museu de Arte Moderna
de Nova York, a retrospectiva "Cinema Novo and Beyond" (Cinema
Novo e Depois).
Organizada pelo museu norte-americano e pelo Ministério da
Cultura brasileiro, o ciclo reúne
um total de 61 longas e 17 curtas,
rodados entre 1961 e 1998, em cópias majoritariamente novas, preparadas pela Cinemateca Brasileira, legendadas em inglês.
Dois longas-metragens foram
adicionados à lista, originalmente
revelada com exclusividade pela Folha. A ausência então criticada
de qualquer obra do cineasta paulista Ugo Giorgetti levou pessoalmente o ministro da Cultura,
Francisco Weffort, a solicitar a inclusão de "Boleiros".
Já "Ação entre Amigos" foi escolhido para substituir na abertura
para convidados o longa "O Primeiro Dia", de Walter Salles e Daniela Thomas, cuja exibição foi
cancelada a pedido da distribuidora americana Sony, ao adquirir os
direitos para seu lançamento nos
Estados Unidos.
Com o convite para "Ação entre
Amigos", Brant emplacou na mostra os dois longas-metragens pôr
ele dirigidos. "Matadores" já havia
sido previamente selecionado. Aos
34 anos, é ele o mais jovem cineasta representado.
²
Curadoria
A curadoria da mostra foi coordenada pôr Jytte Jensen, do departamento de cinema e vídeo do MoMA. O professor da Escola de Comunicações e Artes da USP Ismail
Xavier e o diretor-geral da Riofilme, José Carlos Avellar, funcionaram como curadores brasileiros.
A lista de selecionados é coerente, mas elitista. Filmes de diálogo
mais amplo com o público foram
deixados de lado. Privilegiou-se a
produção cinemanovista ("câmera
na mão, idéia na cabeça") e a de
seus herdeiros.
Oito cineastas tiveram escolhidos mais de um de seus filmes. Os
quatro que emplacaram três filmes
(Glauber Rocha, Joaquim Pedro de
Andrade, Leon Hirszman e Nelson
Pereira dos Santos) são protagonistas do cinema novo, assim como dois dos que tiveram dois filmes selecionados (o também jornalista e colunista da Folha Arnaldo Jabor e Carlos Diegues).
Com esse recorte nítido, o conjunto reúne uma seleção que é forte, mas poderia ser mais pluralista.
A diversidade do cinema brasileiro
contemporâneo deveria ter sido
melhor representada naquela que
é, afinal, a principal mostra internacional a ele dedicada desde a histórica retrospectiva no Centro
Georges Pompidou, em Paris, há
exatos 11 anos.
Mesmo um sintético balanço das
ausências revela lacunas importantes. Não se pode falar do cinema brasileiro dos anos 60 sem lembrar a coragem de "Os Cafajestes",
de Ruy Guerra, o lirismo de "Todas
as Mulheres do Mundo", de Domingos de Oliveira, ou a contundente denúncia antitortura de "O
Caso dos Irmãos Naves", de Luiz
Sérgio Person.
O bressoniano "Ato de Violência", de Eduardo Escorel, inspirado na história do assassino serial
Chico Picadinho, é o grande ausente dos anos 70.
²
Omissões
As omissões são ainda mais graves entre os chamados filmes da
"abertura": "Pra Frente Brasil", de
Roberto Farias, e "Jango", de Sílvio
Tendler, marcaram época como
poucos.
"A Dama do Cine Shanghai", de
Guilherme de Almeida Prado, é o
mais emblemático representante
da escola metacinematográfica
que marcou nos anos 80 o chamado novo cinema paulista. Também
ficou de fora.
O maior escândalo, porém, é a
exclusão de "Carlota Joaquina,
Princesa do Brazil", de Carla Camurati. Restrições estéticas à parte, "Carlota" marca o relançamento do cinema no Brasil após o colapso da era Collor.
Sua ausência frisa o preconceito
anticomercial das seleção, única
explicação possível para a omissão
de outros protagonistas tão importantes do filme brasileiro nos últimos 40 anos, como os Trapalhões,
José Mojica Marins (o Zé do Caixão) e um cineasta com talento para o épico histórico como Sérgio
Rezende ("O Homem da Capa Preta", "Canudos").
O mesmo viés cinemanovista da
seleção de longas-metragens marca a de curtas. O documentário
curto impera, relegando a segundo
plano o principal fenômeno do
formato nos últimos 15 anos: a ascensão do curta de ficção. A lista
do MoMA simplesmente não espelha a história do curta brasileiro no
período.
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