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"ACQUÁRIA"
Longa com Sandy e Junior possui qualidades técnicas e acaba não sendo só um veículo de promoção da dupla
Quer saber? O filme até que é bem decente
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
O cinema brasileiro não tem
tradição em ficção científica.
Não há obras-primas como "2001:
Uma Odisséia no Espaço" e nem
clássicos como "Blade Runner - O
Caçador de Andróides". Os
exemplos locais são poucos e sem
importância.
É nesse contexto que se insere
"Acquária", estréia no longa da
competente diretora de filmes publicitários Flavia Moraes. A obra
cumpre com muito talento seu
papel de representante canarinho
no gênero de "Solaris" -o cenário desolado, aliás, lembra o do filme de Tarkovsky.
Assim, seria injusto classificar o
filme como apenas um veículo
para a dupla de irmãos e ícones
pós-teen Sandy e Junior. OK, quase não há cena em que um deles
não apareça, mas o seu desempenho dramático não compromete
o todo -não são piores que Xuxa
ou Didi, para ficar no exemplo do
cinema popular.
Em mil anos, a Terra secou, e os
poucos humanos que sobraram
vivem em escassez de líquido. O
acidente ecológico serviu também para o surgimento de alguns
seres mutantes. Nesse contexto,
um casal de cientistas (Alexandre
Borges e Júlia Lemmertz) está
perto de conceber uma máquina
que cria água.
São atacados, mortos, um de
seus filhos é raptado e outro consegue se esconder. Anos depois,
eles se reencontrarão já adultos
(são, claro, Sandy e Junior), na cabana do irmão, que agora mora
com Gaspar (Emílio Orciollo Neto, que será o interesse amoroso
de Sandy) e um menino.
Mais de dois terços do filme
acontecerão em torno deste núcleo, desta casa e de seu entorno,
na luta pela reconstrução da cobiçada máquina e pela descoberta
da cidade perdida de Acquária.
Há problemas, claro: a diretora
cai em alguns vícios da sci-fi, como o estereótipo do velho-sábio-que-fala-estranho (o Obi Wan
Kenobi aqui é Milton Gonçalves),
os diálogos forçados (todo o linguajar do gênero, já ridículo em
inglês, parece ficar ainda mais inverossímil em português), e o
ator-mirim, que por vezes pode
ser irritante. E há músicas.
Mas mesmo elas não chegam a
incomodar de todo. São não mais
do que cinco, incluindo uma bonita versão de "Planeta Água", de
Guilherme Arantes.
E, sim, Sandy cresceu. E, não,
não aparece nua na já comentada
cena do banho; no máximo, mostra parte das costas e das pernas.
Acquária
Idem
Direção: Flavia Moraes
Produção: Brasil, 2003
Com: Sandy, Junior, Milton Gonçalves,
Emílio Orciollo Neto
Quando: a partir de hoje, no Anália
Franco, Belas Artes, Bristol, Ibirapuera,
Metrô Santa Cruz e circuito
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