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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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DANÇA

Companhia Cisne Negro prepara sua 20ª versão do balé, com música de Tchaikovsky e participação de Daniela Severian

"Quebra-Nozes" encena tradição natalina

KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em cena, flocos de neve, anjos, ratos, flores, fadas, soldadinhos de chumbo -todos com sapatilhas nos pés. O balé "O Quebra-Nozes", encenado pela primeira vez em 1892, no teatro Mariinsky de São Petersburgo, antiga capital da Rússia, é, sem dúvida, um dos mais tradicionais e famosos do mundo, e comumente encenado com a chegada do Natal.
Em São Paulo, a companhia de dança Cisne Negro remonta o espetáculo anualmente, há exatos 20 anos. "Nesse meio tempo, quase 200 mil pessoas já viram "O Quebra-Nozes" do Cisne, que já se firmou como tradição", diz a diretora artística do grupo, Hulda Bittencourt.
Baseado em trecho do conto "Nussknacker und Mauserkonig" ("Quebra Nozes e o Rei dos Camundongos"), de E.T.A. Hoffmann, o espetáculo em dois atos se consagrou como a "comemoração natalina das sapatilhas" e se destaca por reunir lindíssimas melodias compostas pelo russo Piotr Tchaikovsky (1840-1893).
No enredo, a menina Clara ganha diversos presentes na noite de Natal e se encanta com um deles, um soldadinho de chumbo, que faz com ela uma vigem encantada pelo reino dos doces, de onde surge a Fada Açucarada.
Neste ano, quem interpreta a Fada, papel já desempenhado por Ana Botafogo e Karina Olmedo, é Daniela Severian, brasileira que vive na Alemanha há dez anos e é a primeira bailarina do Staats Theater Wiesbaden.
Severian começou seus estudos de dança aos quatro anos e nasceu determinada a seguir carreira nos palcos. "Eu nunca estava contente com o que aprendia. O meu caso com a dança é de paixão", diz.
Hoje, por sua atuação em companhias da Europa, a bailarina tem recebido críticas elogiosas no mundo inteiro, inclusive no jornal "The New York Times". Por aqui, Severian é conhecida por sua limpeza técnica e virtuosismo. É a quarta vez que dança como convidada do Cisne Negro. "Acho que "O Quebra-Nozes" vai se perpetuar porque é um balé que consegue marcar as crianças. O papel da Fada Açucarada exige muita técnica e suavidade." Ao lado de Demis Moretti, bailarino do Cisne Negro, Severian faz o pas-de-deux que é considerado um dos pontos altos do espetáculo.
A encenação "cisneana" de "O Quebra-Nozes" começou quando Hulda Bittencourt resolveu celebrar os 25 anos de sua academia de dança com um balé de repertório. Na primeira montagem, o espetáculo ganhou o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). O libreto original é de Marius Petipa, mas, naturalmente, infinitas versões coreográficas foram criadas desde então. "A cada ano, modificamos algumas passagens. Nunca estou contente", comenta a diretora.
No saguão do teatro Sérgio Cardoso, uma retrospectiva em vídeo mostra trechos das antigas montagens do balé pela companhia. A primeira Fada Açucarada foi interpretada por Danny Bittencourt, que hoje é assistente da companhia e coreógrafa. No mesmo local, há a apresentação de três corais infantis, o Tom Jobim, o Pérola e o Regliate, que vão cantar músicas de Natal.
O espetáculo reúne produção com 160 integrantes, com cerca de 80 crianças no elenco.


O QUEBRA NOZES. Espetáculo de balé clássico com a Cisne Negro Cia. de Dança. Quando: hoje, às 21h, amanhã, às 17h e 21h, dom., às 18h. Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, tel. 288-0136). Quanto: de R$ 30 a R$ 35. Patrocínio: BR Petrobrás Distribuidora e Secretaria de Estado da Cultura.


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