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DANÇA
Companhia Cisne Negro prepara sua 20ª versão do balé, com música de Tchaikovsky e participação de Daniela Severian
"Quebra-Nozes" encena tradição natalina
KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em cena, flocos de neve, anjos,
ratos, flores, fadas, soldadinhos
de chumbo -todos com sapatilhas nos pés. O balé "O Quebra-Nozes", encenado pela primeira
vez em 1892, no teatro Mariinsky
de São Petersburgo, antiga capital
da Rússia, é, sem dúvida, um dos
mais tradicionais e famosos do
mundo, e comumente encenado
com a chegada do Natal.
Em São Paulo, a companhia de
dança Cisne Negro remonta o espetáculo anualmente, há exatos
20 anos. "Nesse meio tempo, quase 200 mil pessoas já viram "O
Quebra-Nozes" do Cisne, que já se
firmou como tradição", diz a diretora artística do grupo, Hulda Bittencourt.
Baseado em trecho do conto
"Nussknacker und Mauserkonig"
("Quebra Nozes e o Rei dos Camundongos"), de E.T.A. Hoffmann, o espetáculo em dois atos
se consagrou como a "comemoração natalina das sapatilhas" e se
destaca por reunir lindíssimas
melodias compostas pelo russo
Piotr Tchaikovsky (1840-1893).
No enredo, a menina Clara ganha diversos presentes na noite de
Natal e se encanta com um deles,
um soldadinho de chumbo, que
faz com ela uma vigem encantada
pelo reino dos doces, de onde surge a Fada Açucarada.
Neste ano, quem interpreta a
Fada, papel já desempenhado por
Ana Botafogo e Karina Olmedo, é
Daniela Severian, brasileira que
vive na Alemanha há dez anos e é
a primeira bailarina do Staats
Theater Wiesbaden.
Severian começou seus estudos
de dança aos quatro anos e nasceu
determinada a seguir carreira nos
palcos. "Eu nunca estava contente
com o que aprendia. O meu caso
com a dança é de paixão", diz.
Hoje, por sua atuação em companhias da Europa, a bailarina
tem recebido críticas elogiosas no
mundo inteiro, inclusive no jornal "The New York Times". Por
aqui, Severian é conhecida por
sua limpeza técnica e virtuosismo.
É a quarta vez que dança como
convidada do Cisne Negro. "Acho
que "O Quebra-Nozes" vai se perpetuar porque é um balé que consegue marcar as crianças. O papel
da Fada Açucarada exige muita
técnica e suavidade." Ao lado de
Demis Moretti, bailarino do Cisne
Negro, Severian faz o pas-de-deux
que é considerado um dos pontos
altos do espetáculo.
A encenação "cisneana" de "O
Quebra-Nozes" começou quando
Hulda Bittencourt resolveu celebrar os 25 anos de sua academia
de dança com um balé de repertório. Na primeira montagem, o espetáculo ganhou o prêmio APCA
(Associação Paulista de Críticos
de Arte). O libreto original é de
Marius Petipa, mas, naturalmente, infinitas versões coreográficas
foram criadas desde então. "A cada ano, modificamos algumas
passagens. Nunca estou contente", comenta a diretora.
No saguão do teatro Sérgio Cardoso, uma retrospectiva em vídeo
mostra trechos das antigas montagens do balé pela companhia. A
primeira Fada Açucarada foi interpretada por Danny Bittencourt, que hoje é assistente da
companhia e coreógrafa. No mesmo local, há a apresentação de
três corais infantis, o Tom Jobim,
o Pérola e o Regliate, que vão cantar músicas de Natal.
O espetáculo reúne produção
com 160 integrantes, com cerca de
80 crianças no elenco.
O QUEBRA NOZES. Espetáculo de balé
clássico com a Cisne Negro Cia. de Dança.
Quando: hoje, às 21h, amanhã, às 17h e
21h, dom., às 18h. Onde: teatro Sérgio
Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista,
tel. 288-0136). Quanto: de R$ 30 a R$ 35.
Patrocínio: BR Petrobrás Distribuidora e
Secretaria de Estado da Cultura.
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