São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

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QUADRINHOS

Cartunista brasileiro celebra Santos-Dumont e reproduz disputas aéreas

Spacca homenageia os pais da aviação

Divulgação
Santos-Dumont e o 14-Bis no céu de Paris, retratado por Spacca


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

A primazia do homem que realizou o primeiro vôo é fato conhecido de todos: os brasileiros sabem que foi Santos-Dumont, os norte-americanos sabem que foram os irmãos Wright, os franceses sabem que foi Clément Ader... enfim, inúmeros povos não têm dúvida -e provam com dados históricos e técnicos- de que um de seus compatriotas ocupa o glorioso lugar de pai da aviação.
O que o cartunista brasileiro João Spacca de Oliveira fez em "Santô e os Pais da Aviação" foi colocar a questão numa muito adequada perspectiva científica: a invenção do avião, como quase todas as grandes descobertas, não é fruto do trabalho isolado de um único obstinado, mas resultado do somatório de conhecimentos acumulados em diversas experiências internacionais.
"A princípio, quis contar a história de Santos-Dumont por uma ótica nacionalista, para mostrar que os irmãos Wright não mereciam a glória de ter inventado o avião. Com o tempo e as pesquisas, fui me convencendo de que o avião foi uma espécie de invenção coletiva, e que os pioneiros se influenciaram mutuamente", explica Spacca no texto de divulgação.
Amparado em uma extensa pesquisa sobre o inventor brasileiro, sobre a história da aviação e sobre a Paris do início do século 20, onde Santos-Dumont viveu e desenvolveu suas máquinas de voar, Spacca faz uma biografia romanceada dos pais da aviação.
A história começa no interior de São Paulo, em 1890, na fazenda onde o jovem Alberto Santos-Dumont (natural de Cabangu, MG) viveu antes de sua família se mudar para a Europa, e vai até seu suicídio em 1932, quando já era vítima de uma aparente esclerose múltipla e vivia atormentado pelo uso do avião na guerra.
O período mais centrado é o da emancipação do brasileiro na França, a partir de 1892, quando fica morando em Paris e começa a desenvolver balões e dirigíveis. Em paralelo, Spacca vai destacando os principais avanços dos outros pioneiros da aviação.
"Santô e os Pais da Aviação" é uma obra que colabora muito para retirar o estigma que alguns ainda colocam em histórias em quadrinhos, classificando-as como coisa menor ou menos séria.
O trabalho de pesquisa transparece não apenas no desenrolar da trama mas também na boa cronologia final -que destaca em paralelo os principais fatos da vida de Santos-Dumont, dos outros pioneiros e os eventos históricos- e na bibliografia, que inclui uma variedade de sites de internet.
E o grande mérito de Spacca é realmente evitar o caráter de nacionalismo triunfalista. Mesmo detalhes menores -como a suposta "invenção" do relógio de pulso, também atribuída a Santos-Dumont- são colocados em perspectiva histórica e factual.
Como diz Wilbur, um dos irmãos Wright, em uma passagem do texto, "o problema é grande demais para um homem resolver sozinho e em segredo".

Santô e os Pais da Aviação
Lançamento:
Cia. das Letras
Quanto: R$ 39 (168 págs.)


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