São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Livro britânico revela perfil de amante de Hughes

Assia Wevill foi o pivô da separação do casal de poetas Ted Hughes e Sylvia Plath; perfil de amante está em biografia

Após suicídio de Plath, Assia ficou fascinada com a personalidade da poeta e acabou por provocar própria morte com gás de cozinha


RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Assia Wevill é um nome com o qual os admiradores da americana Sylvia Plath (1932-1963) e do inglês Ted Hughes (1930-1998) estão familiarizados. Embora seu papel na vida dos dois poetas se restrinja a uma única passagem, o fardo é pesado: foi ela o pivô da separação do casal, que antecedeu o suicídio de Plath, em 1963.
Os jornalistas israelenses Eilat Negev e Yehuda Koren encontraram outro fragmento dessa história, há 20 anos, ao ler o poema "A Morte de Assia G.", de Yehuda Amichai, amigo de Hughes. Os versos, que se referiam à mulher com quem Hughes conviveu por seis anos após a morte de Plath -fato que ele nunca admitiu publicamente-, foram o ponto de partida de "A Lover of Unreason".
Lançada em outubro na Inglaterra, a biografia traça o caminho de Assia até entrar na vida do casal e a maneira como ela terminou por se suicidar da mesma forma que a "rival" -com gás de cozinha, mas levando consigo a filha Shura, 4- , depois de viver o que entendia ser uma "maldição de Plath": a relutância de Hughes em se casar com ela e em reconhecer a filha dos dois. Dias antes de se matar, Assia anotou em seu diário: "É Sylvia. É por causa dela. [...] Não posso acreditar".
"Ao lançar uma luz sobre o último ano do casamento de Plath e Hughes e sobre a vida dele nos anos seguintes, a biografia oferece também uma nova leitura para a obra de ambos. Plath descobriu que havia algo entre seu marido e Assia em julho de 1962. Então, os poemas de "Ariel" que ela escreveu antes dessa data não se referem a Assia, e sim a um problema conjugal", disse Negev à Folha.

Estonteante
Dona de uma beleza "estonteante", segundo pessoas próximas, Assia estava em seu terceiro casamento, com o poeta David Wevill, quando conheceu os Hughes. David e ela sublocaram o apartamento do casal em Londres e foram convidados a passar um final de semana com eles no campo.
O romance se concretizou meses depois, e então Plath se mudou com as crianças para outro apartamento, dando espaço para a rival entrar na vida do marido. Dois dias após o suicídio, um amigo do casal viu Assia na cama que fora de Plath.
Assia era uma companheira carinhosa, ajudava Hughes em seus manuscritos e impressionava seus amigos por sua beleza e vivacidade, mas não deixava de sentir "Sylvia crescendo nele, enorme, magnífica. [...]
Ela tinha um milhão de vezes o talento, 1.000 vezes a determinação, 100 vezes a ambição e a paixão que eu tenho", escreveu ela em seu diário.
Em entrevista para Negev, em 1996, Hughes avaliou que a morte de Assia "era evitável", diferentemente da morte de Plath, que "esteve naquele caminho na maior parte de sua vida". A conversa foi uma rara ocasião em que Hughes falou sobre o assunto. Negev acredita que o fato de ter recorrido a poemas em que ele cita Assia e que estão "escondidos" em "Collected Poems" ajudou a fazê-lo se abrir. "A sensação que tive foi que, até então, Hughes falara pouquíssimas vezes sobre Assia para qualquer alma viva. Mas ele escreveu poemas sobre ela. Então, lá no fundo, Assia continuava a assombrá-lo, e ele ansiava em falar dela."


A LOVER OF UNREASON
Autores:
Yehuda Koren e Eilat Negev
Editora: Robson Books
Quanto: 13,60 libras (R$ 57 sem taxas; 320 págs.) no www.amazon.com


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