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Livro britânico revela perfil de amante de Hughes
Assia Wevill foi o pivô da separação do casal de poetas Ted Hughes e Sylvia Plath; perfil de amante está em biografia
Após suicídio de Plath, Assia ficou fascinada com a personalidade da poeta e acabou por provocar própria morte com gás de cozinha
RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Assia Wevill é um nome com
o qual os admiradores da americana Sylvia Plath (1932-1963)
e do inglês Ted Hughes (1930-1998) estão familiarizados.
Embora seu papel na vida dos
dois poetas se restrinja a uma
única passagem, o fardo é pesado: foi ela o pivô da separação
do casal, que antecedeu o suicídio de Plath, em 1963.
Os jornalistas israelenses Eilat Negev e Yehuda Koren encontraram outro fragmento
dessa história, há 20 anos, ao
ler o poema "A Morte de Assia
G.", de Yehuda Amichai, amigo
de Hughes. Os versos, que se referiam à mulher com quem Hughes conviveu por seis anos
após a morte de Plath -fato
que ele nunca admitiu publicamente-, foram o ponto de partida de "A Lover of Unreason".
Lançada em outubro na Inglaterra, a biografia traça o caminho de Assia até entrar na vida do casal e a maneira como
ela terminou por se suicidar da
mesma forma que a "rival"
-com gás de cozinha, mas levando consigo a filha Shura, 4-
, depois de viver o que entendia
ser uma "maldição de Plath": a
relutância de Hughes em se casar com ela e em reconhecer a
filha dos dois. Dias antes de se
matar, Assia anotou em seu
diário: "É Sylvia. É por causa
dela. [...] Não posso acreditar".
"Ao lançar uma luz sobre o
último ano do casamento de
Plath e Hughes e sobre a vida
dele nos anos seguintes, a biografia oferece também uma nova leitura para a obra de ambos.
Plath descobriu que havia algo
entre seu marido e Assia em julho de 1962. Então, os poemas
de "Ariel" que ela escreveu antes
dessa data não se referem a Assia, e sim a um problema conjugal", disse Negev à Folha.
Estonteante
Dona de uma beleza "estonteante", segundo pessoas próximas, Assia estava em seu terceiro casamento, com o poeta
David Wevill, quando conheceu os Hughes. David e ela sublocaram o apartamento do casal em Londres e foram convidados a passar um final de semana com eles no campo.
O romance se concretizou
meses depois, e então Plath se
mudou com as crianças para
outro apartamento, dando espaço para a rival entrar na vida
do marido. Dois dias após o suicídio, um amigo do casal viu Assia na cama que fora de Plath.
Assia era uma companheira
carinhosa, ajudava Hughes em
seus manuscritos e impressionava seus amigos por sua beleza e vivacidade, mas não deixava de sentir "Sylvia crescendo
nele, enorme, magnífica. [...]
Ela tinha um milhão de vezes o
talento, 1.000 vezes a determinação, 100 vezes a ambição e a
paixão que eu tenho", escreveu
ela em seu diário.
Em entrevista para Negev,
em 1996, Hughes avaliou que a
morte de Assia "era evitável",
diferentemente da morte de
Plath, que "esteve naquele caminho na maior parte de sua vida". A conversa foi uma rara
ocasião em que Hughes falou
sobre o assunto. Negev acredita
que o fato de ter recorrido a
poemas em que ele cita Assia e
que estão "escondidos" em
"Collected Poems" ajudou a fazê-lo se abrir. "A sensação que
tive foi que, até então, Hughes
falara pouquíssimas vezes sobre Assia para qualquer alma
viva. Mas ele escreveu poemas
sobre ela. Então, lá no fundo,
Assia continuava a assombrá-lo, e ele ansiava em falar dela."
A LOVER OF UNREASON
Autores: Yehuda Koren e Eilat Negev
Editora: Robson Books
Quanto: 13,60 libras (R$ 57 sem taxas; 320 págs.) no www.amazon.com
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