Diretor catalão repete fórmulas em longa-metragem de 2006, cujo destaque é a vitalidade da protagonista Verónica Echegui

CRÍTICO DA FOLHA

Prolífico nos tempos de "As Idades de Lulu" (1990), "Jamón, Jamón" (1992), "Ovos de Ouro" (1993) e "A Teta e a Lua" (1994), o catalão Bigas Luna rodou apenas três longas nos últimos dez anos. "Eu Sou Juani" (2006), o mais recente deles, assinala opção pelo público jovem e por uma linguagem pop que usa características de vídeos musicais e de videogames.
De resto, é o Bigas Luna de sempre que ambienta a história em uma região interiorana da Espanha e que a salpica de erotismo, com o desejo representando uma força que move os personagens de forma incontrolável. E, em cenário social desolador, marcado por desemprego e poucas perspectivas, sexo e agressividade formam um coquetel às vezes explosivo.
Juani (Verónica Echegui) já está um pouco farta de trabalhar durante o dia como caixa de supermercado para ajudar a família (o pai, endividado, teme perder a própria casa) e, à noite, entregar-se às baladas. Em seu grupo de amigos, os rapazes gostam de turbinar os carros e as moças sonham turbinar os próprios corpos.

Vitalidade
Ambiciosa, "La Juani" - o pseudônimo que ela adota - aproveita um escorregão do namorado para tentar a sorte como atriz, em companhia da melhor amiga (Laya Martí), em Madri, onde as aventuras têm outro colorido.
Nem tudo sai conforme o planejado, no entanto, recriando o conhecido drama da interiorana em dificuldades (tanto financeiras quanto existenciais) na capital. O respiro está em Echegui, que atua com uma vitalidade notável, a exemplo do que já haviam feito Francesca Neri, Penélope Cruz e Maribel Verdú sob a direção do diretor catalão. (SÉRGIO RIZZO)