São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 1998

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PELO BRASIL
Livro narra 20 anos de radionovela em Florianópolis

ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Florianópolis

Já está à venda nas livrarias de Santa Catarina o livro "Dramas no Rádio", inédito no gênero, que conta a história dos 20 anos de radionovela em Florianópolis.
Depois de dois anos de pesquisa, o jornalista florianopolitano Ricardo Medeiros, 35, montou um painel sobre a história do folhetim de rádio e do cotidiano da cidade.
O trabalho foi feito a partir das mais de 150 radionovelas transmitidas entre o final da década de 40 e o ano de 1970. O autor também coletou fotos da época.
Segundo Medeiros, "Dramas no Rádio" deve chegar às livrarias de São Paulo e Porto Alegre até o começo do ano, mas pode ser comprado por telefone ou Internet.
Os primeiros folhetins eram retransmissões gravadas no final dos anos 40 na rádio Nacional, do Rio, e foram transmitidas pela rádio Guarujá, ainda em atividade em Florianópolis.
O suposto estilo "mexicano" das radionovelas, na realidade, é cubano. Patrocinadas por fábricas de sabão, as produções lacrimejantes começaram em Cuba em 1934.
Assim, foram produzidas "Angeles de la Calle", "El Derecho de Nascer", "Divorciadas", "Yo No Quiero Ser Mala" e "El Dolor de Ser Madre".
Em 1950, o então locutor Gustavo Neves Filho aceitou o desafio de produzir a primeira radionovela de Florianópolis.
Ele organizou o elenco, protagonizou e escreveu os 31 capítulos de "Nuvem Negra em Céu Azul".
A partir daí, Neves Filho se tornou o maior novelista da cidade, com 53 radionovelas transmitidas na rádio Guarujá e na rádio Diário da Manhã, hoje CBN-Diário.
A Guarujá fechou seu departamento de radioteatro em 1959, mas a Diário da Manhã, fundada em 1955, manteve as produções na década de 60.
Patrocinadas por multinacionais, as novelas eram transmitidas ao vivo às 9h30, 13h, 15h, 16h30 e 20h30, na Guarujá, e às 10h, 10h45, 15h, 16h30 e 20h30, na Diário da Manhã. No final dos 60, entraram em decadência e, com a chegada da TV, em 1970, acabaram.
"Canção de uma Saudade", com 180 capítulos, de Neves Filho, foi a derradeira radionovela ao vivo, em 1968. A Diário da Manhã manteve transmissões gravadas até 1970.
O hoje promotor de Justiça aposentado Neves Filho, com 71 anos, disse que escrevia até seis capítulos diários. "Acordava de madrugada, começa a escrever e só parava com a alvorada."
A grande dificuldade do jornalista Medeiros, que ouvia as novelas com a mãe quando era criança, foi rastrear as fontes de pesquisa.
A maior parte do material foi colhida nos arquivos da prefeitura, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e junto aos cerca de 25 atores e autores que ainda estão vivos.
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Livro: Dramas no Rádio Autor: Ricardo Medeiros Lançamento: editora e livraria Insular (tel. 048/223-3428)

Quanto: R$ 15 (120 págs.)


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