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PELO BRASIL
Livro narra 20 anos de radionovela em Florianópolis
ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Florianópolis
Já está à venda nas livrarias de
Santa Catarina o livro "Dramas no
Rádio", inédito no gênero, que
conta a história dos 20 anos de radionovela em Florianópolis.
Depois de dois anos de pesquisa,
o jornalista florianopolitano Ricardo Medeiros, 35, montou um
painel sobre a história do folhetim
de rádio e do cotidiano da cidade.
O trabalho foi feito a partir das
mais de 150 radionovelas transmitidas entre o final da década de 40 e
o ano de 1970. O autor também coletou fotos da época.
Segundo Medeiros, "Dramas no
Rádio" deve chegar às livrarias de
São Paulo e Porto Alegre até o começo do ano, mas pode ser comprado por telefone ou Internet.
Os primeiros folhetins eram retransmissões gravadas no final dos
anos 40 na rádio Nacional, do Rio,
e foram transmitidas pela rádio
Guarujá, ainda em atividade em
Florianópolis.
O suposto estilo "mexicano" das
radionovelas, na realidade, é cubano. Patrocinadas por fábricas de
sabão, as produções lacrimejantes
começaram em Cuba em 1934.
Assim, foram produzidas "Angeles de la Calle", "El Derecho de
Nascer", "Divorciadas", "Yo No
Quiero Ser Mala" e "El Dolor de
Ser Madre".
Em 1950, o então locutor Gustavo Neves Filho aceitou o desafio de
produzir a primeira radionovela
de Florianópolis.
Ele organizou o elenco, protagonizou e escreveu os 31 capítulos de
"Nuvem Negra em Céu Azul".
A partir daí, Neves Filho se tornou o maior novelista da cidade,
com 53 radionovelas transmitidas
na rádio Guarujá e na rádio Diário
da Manhã, hoje CBN-Diário.
A Guarujá fechou seu departamento de radioteatro em 1959, mas
a Diário da Manhã, fundada em
1955, manteve as produções na década de 60.
Patrocinadas por multinacionais, as novelas eram transmitidas
ao vivo às 9h30, 13h, 15h, 16h30 e
20h30, na Guarujá, e às 10h, 10h45,
15h, 16h30 e 20h30, na Diário da
Manhã. No final dos 60, entraram
em decadência e, com a chegada da
TV, em 1970, acabaram.
"Canção de uma Saudade", com
180 capítulos, de Neves Filho, foi a
derradeira radionovela ao vivo, em
1968. A Diário da Manhã manteve
transmissões gravadas até 1970.
O hoje promotor de Justiça aposentado Neves Filho, com 71 anos,
disse que escrevia até seis capítulos
diários. "Acordava de madrugada,
começa a escrever e só parava com
a alvorada."
A grande dificuldade do jornalista Medeiros, que ouvia as novelas
com a mãe quando era criança, foi
rastrear as fontes de pesquisa.
A maior parte do material foi colhida nos arquivos da prefeitura,
da UFSC (Universidade Federal de
Santa Catarina) e junto aos cerca
de 25 atores e autores que ainda estão vivos.
˛
Livro: Dramas no Rádio
Autor: Ricardo Medeiros
Lançamento: editora e livraria Insular (tel.
048/223-3428)
Quanto: R$ 15 (120 págs.)
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