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MÚSICA
Bar na cidade é animado pela banda Forró in the Dark, com integrantes que migraram de diversos estilos musicais
Forró ocupa lugar do samba em Nova York
BEN RATLIFF
DO "NEW YORK TIMES"
Depois do samba, o forró é a
forma mais resistente do ritmo
predominante na música popular
brasileira do século 20. Pode-se
ouvi-lo em todo o país e, a despeito de sua idade e de sua falta de sofisticação, não causa embaraços e
continua a ser genuinamente popular. Com um atraso de apenas
60 anos, o forró virou moda no
East Village (sul de Manhattan).
No Nublu, um bar da avenida C,
uma banda chamada Forró in the
Dark tem se apresentado quase
todas as semanas há mais de um
ano, e o grande movimento de
público e o clima do lugar se tornaram quase tão importantes
quanto a música.
Como o conceito do forró é a de
uma festa com dança para casais,
na qual músicos e dançarinos participam todos do mesmo ritual, o
bar Nublu é perfeito em termos
dessa intimidade. O espaço do bar
é apertado, e por isso o clima acaba sendo favorecido.
Mas a música que eles tocam,
para ser exato, é o baião, um estilo
mais ou menos inventado por
Luiz Gonzaga (1912-1989) durante os anos 40. Gonzaga aproveitou
danças folclóricas de origem africana que eram comuns no Nordeste do Brasil.
O músico brasileiro criou uma
fórmula para o som que continua
a servir de base para o baião, com
um ritmo pesadamente sincopado, em dois por quatro, tocado
com uma zabumba, um triângulo
e um acordeão. É música simples,
e de ritmo muito forte.
O Forró in the Dark mantém essa base sonora, e acrescenta guitarra, trombone e percussão adicional, dependendo de quem aparecer para tocar.
Em geral o que se ouve se restringe à fórmula básica, com um
repertório formado basicamente
por canções de Gonzaga. Mas,
quando instrumentos como o
trombone e a guitarra se sobressaem na música, nota-se uma
busca de novos ritmos, para além
do forró, entre os quais o zydeco
de Nova Orleans, o dancehall caribenho e a cumbia.
A banda é composta por músicos vindos de outros ritmos. O líder é Mauro Refosco, que toca zabumba, e é ex-integrante da banda de David Byrne e do Lounge
Lizards. O acordeonista Rob Curto tem formação musical de jazz, e
Smokey Harmel passou boa parte
da última década tocando guitarra na banda de Beck.
No triângulo, dançando sem
parar enquanto cuidava do balanço na última quarta-feira, estava
Jorge Amorim, e, ao lado, Karina
Zaviani se encarregava de cantar
algumas das mais belas melodias
do gênero, como "Asa Branca" de
Gonzaga, e "Só Quero um Xodó",
de Dominguinhos.
Na quarta-feira à noite, o trombonista de jazz Clark Gayton e o
pandeirista Zé Maurício apareceram para uma canja e fizeram
uma boa improvisação.
Outra parte da tradição do forró
que a banda preservou é tocar em
um círculo, apesar das dimensões
minúsculas do Nublu, onde faria
mais sentido que os músicos tocassem alinhados perto da parede. Para chegar aos fundos do bar,
é preciso passar pelo meio da banda, mas não importa: basta pisar
no bar e você já é parte da música.
Tradução Paulo Migliacci
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