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ARTE PÚBLICA
Artista trabalha em "Etnias", painel de 30 m que liga o metrô Barra Funda ao Memorial da América Latina
Maria Bonomi aposta em temática indígena
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de encerrada a "Epopéia
Paulista" -painel de 70 metros
para a Estação da Luz-, eis que
Maria Bonomi e sua equipe se
vêem novamente imersos em um
projeto público de grandes dimensões.
Em fase inicial de produção e
com inauguração prevista para
abril deste ano, a obra "Etnias"
ocupará o corredor subterrâneo
de interligação entre a estação
Barra Funda de metrô e o Memorial da América Latina, percorrendo temas e motivos indígenas
ao longo de seus 30 metros de extensão.
Inteiramente trabalhado em relevo, o painel/passagem será dividido em três materiais: cerâmica,
bronze e alumínio, permitindo
que os passantes/espectadores caminhem em meio às estruturas.
"Quero ir do barro, da arqueologia, até chegar ao alumínio, que
remete ao contemporâneo", explica Bonomi.
Aprovado pelo Ministério da
Cultura e orçado em R$ 1,72 milhão, o projeto ainda se encontra
em fase de captação, mas a obra já
está em andamento. Desde o início da semana, Bonomi e sua
equipe -seis artistas e assistentes- transportaram enormes
placas de argila para o subsolo da
galeria Marta Traba, no próprio
Memorial, transformado em ateliê de trabalho.
"Queremos integrar os painéis a
essa parte histórica da cidade, a
essa América Latina em construção", diz Bonomi. "Fiquei muito
contente em ver que a obra teve
total apoio por parte de [Oscar]
Niemeyer."
A obra será a segunda da artista
no projeto do arquiteto. Seu mural "Futura Memória" ocupa o
Pavilhão dos Congressistas desde
a inauguração do edifício, há 16
anos. "Vinha aqui trabalhar, ainda durante a construção. Os operários me chamavam de "Maria
Bom Nome'", relembra.
Quanto ao corredor de interligação com o metrô, este permaneceu fechado nos últimos dez
anos; foi reaberto no final do ano
passado. Segundo a artista, é animadora a idéia de colocar a obra
num lugar de travessia, de grande
fluxo humano.
Tombamento
Croquis e motivos indígenas de
toda a espécie enchem as paredes
do novo ateliê. O desenho dos painéis prevê trechos dedicados às
cestarias, à plumagem e a mapas
do Brasil. No setor feito em cerâmica, desenhos privilegiam a pré-história brasileira.
Há pelo menos cinco anos, a
equipe vem estudando a temática,
por meio de leituras e pesquisa
iconográfica. "Estamos aqui fabricando o nosso passado e o nosso futuro. Como o Memorial é todo tombado, acho que posso dizer que estamos nos tombando",
ironiza.
Durante o trabalho, o som alterna blues com cantos nativos das
tribos brasileiras. "Tá baixo, aumenta o som", grita Maria, enquanto dois de seus assistentes se
alternam no trabalho no torno.
O trabalho em equipe vem marcando a trajetória artística de Bonomi. Além de "Epopéia Paulista", a artista coordenou, no ano
passado, o Ateliê Amarelo, onde
nove jovens artistas selecionados
se reuniram em um casarão da
Cracolândia ao longo de 2005.
"Encerrado este primeiro ano,
julgo que 80% dos artistas saíram
de lá mais qualificados. Muitos receberam boas propostas de galerias e convites para expor", afirma
Bonomi.
Para o edital 2006, já em andamento, a idéia é favorecer os jovens do interior. Dos nove a serem selecionados, cinco serão necessariamente de fora da capital.
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