|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Marco do pop no país, Rock in Rio faz 25 anos
Evento ocorrido em 1985 reuniu 1,5 milhão de pessoas em dez dias de shows
Pioneiro, o festival de Roberto Medina trouxe
ao Brasil artistas como Ozzy Osbourne, Iron Maiden,
Yes, Whitesnake e Queen
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez dias. Público médio de
150 mil por noite. Vinte e nove
artistas. Os números exagerados indicam a dimensão do que
foi a primeira edição do Rock in
Rio, em 1985. Pelo pioneirismo
e pela grandeza, ainda hoje pode ser considerado o mais importante festival pop que já
ocorreu no Brasil.
Vinte e cinco anos atrás, o
Brasil era um deserto para a
música pop internacional. O
país havia recebido pouquíssimos artistas de primeira linha,
em shows esporádicos (como
Alice Cooper, Van Halen).
O Rock in Rio (ocorrido entre
11 e 20 de janeiro de 1985, numa
área que ficou conhecida como
Cidade do Rock, na Barra da Tijuca) foi uma iniciativa do publicitário Roberto Medina, da
Artplan -iniciativa considerada "maluca" por executivos de
gravadoras e especialistas da
área. Era 1985, momento em
que o Brasil saía de uma ditadura para experimentar novamente a democracia.
"Estávamos em uma época
de transição para a democracia
e eu queria fazer algo. Numa
ocasião, em casa, passei a noite
acordado, desenhando. Estava
sozinho e de repente surgiu o
formato do festival e até o nome", relembra Medina, 62.
"Eu já tinha produzido o
show do Frank Sinatra no Rio
em 1980, mas aquilo não me
credenciava para fazer algo como o Rock in Rio. Foi um desafio enorme. Mas a inexperiência funcionou a favor. Porque
se eu soubesse das dificuldades,
nunca teria feito."
Uma das dificuldades: o sino
do AC/DC. A banda australiana
viajava (e ainda viaja) com um
sino que pesa pouco mais de
uma tonelada. Medina não tinha dinheiro para trazê-lo de
navio. Os roqueiros rebateram:
se o sino não for, eles também
não vão. "Então eu trouxe o sino. Mas quando foram montá-lo, ele era tão pesado que quebrou a estrutura e se espatifou
no chão. Aí eles fizeram um sino de gesso mesmo. Só me contaram uns três meses depois,
com medo de que eu fosse ter
um treco", diz Medina.
Iron Maiden, Queen, AC/DC,
Yes, James Taylor, Whitesnake, Ozzy Osbourne, B-52's. A
quantidade de artistas estrangeiros era algo inédito. O que
causou problemas com artistas
daqui -a maioria dos brasileiros tocou com som baixo.
"Tivemos sorte de termos
uma equipe dinâmica. Escapamos do caos que acontecia. Era
trabalhoso passar o som, usar a
luz", afirma João Barone, dos
Paralamas do Sucesso. "Lembro que não podia ter artista
brasileiro no corredor do
backstage na hora em que o
pessoal do Scorpions iria passar, por exemplo. O Freddie
Mercury (Queen) chegava de
helicóptero.... Foi curioso ver
aquilo acontecer na nossa frente, naquela época."
Erasmo Carlos dedica um capítulo de seu livro de memórias
às vaias que tomou dos roqueiros quando se apresentou antes
das bandas pesadas. Já Ivan
Lins, que tocou em noites mais
calmas, não teve contratempos:
"Meu técnico de som sabia falar
inglês e fez uma média com os
gringos. Por isso não tive nenhum problema".
Texto Anterior: Marcelo Coelho: Deus existe? Próximo Texto: Comentário: Ninguém dormiu naqueles dez dias de 1985 Índice
|