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INCENTIVO FISCAL
Emissora quer captar R$ 5 milhões em 99 para patrocínio de programas como "Roda Viva" e "Cocoricó"
TV Cultura usa recursos da Lei Rouanet
PATRICIA DECIA
da Reportagem Local
A TV Cultura entrou no páreo
pela verba da Lei Rouanet. Desde
dezembro, a emissora está captando recursos diretamente junto à
iniciativa privada para a produção
de programas veiculados no canal.
"Cocoricó", "Turma da Cultura", "Roda Viva", "Ensaio", "Brasil
500 Anos", "Núcleo de Documentários", "Bem Brasil" e "Nossa Língua Portuguesa" foram os primeiros projetos aprovados pelo Ministério da Cultura para buscar o patrocínio de empresas.
Em dez dias, no mês de dezembro, a emissora conseguiu captar
R$ 300 mil para a sua realização.
Segundo Jorge da Cunha Lima,
presidente da Fundação Padre Anchieta, a meta de 99 é obter mais R$
5 milhões para os oito programas.
Isso está sendo possível graças a
uma medida provisória que alterou a Lei Rouanet e foi regulamentada em março de 98. A MP abriu a
todas as redes de televisão a possibilidade de pleitear o incentivo fiscal para a realização de programas
culturais e educativos.
Antes da medida, apenas produtoras independentes, não-vinculadas a sistemas de cabo e radiodifusão, podiam ter os benefícios. "A
Lei Rouanet só excluía as TVs. Era
um erro que penalizava as emissoras educativas", diz Cunha Lima.
A grande quantidade de parcerias com produtoras independentes provocou a demora de quase
dez meses para que a Cultura adotasse a nova regra, segundo o gerente de marketing Renato Bulcão.
"Tínhamos de dar um tempo para as produtoras terem acesso ao
mercado utilizando o nome da
Cultura. Agora estamos unificando a proposição de projetos e não
mais permitiremos que outros utilizem o nome da emissora. Isso vinha causando um certo mal-estar
no mercado", afirma.
Bulcão diz que a escolha de programas consolidados, como o "Roda Viva" e o "Ensaio", nessa primeira experiência com os incentivos fiscais, é estratégica. "Como
não sabíamos como iria funcionar
a captação, não podíamos nos
comprometer com os patrocinadores com novos projetos já de cara. A TV não pode empenhar sua
credibilidade com um programa e
dizer depois que não deu", disse.
Segundo Cunha Lima, essa nova
fonte de recursos não significa que
a Cultura abandonará os apoios
culturais, sem incentivo fiscal (leia
quadro ao lado), ou a venda de
propaganda institucional.
"É um complemento para projetos específicos. Não acho que deva
ser a base de sustentação da emissora. Precisamos de dinheiro do
Estado, mas também de recursos
para a programação nova. Temos
de usar o dinheiro do governo para
investimentos em tecnologia. Se
não digitalizarmos tudo em três,
quatro anos, vamos ficar obsoletos", diz Cunha Lima.
Para Bulcão, o apoio cultural é
um mecanismo ainda prioritário.
"Temos uma programação de qualidade e queremos que as empresas
e agências reconheçam que esse é o
antídoto contra a baixaria, que
agrega valor à marca. Isso não pode esperar lei de incentivo, renúncia fiscal. Tem de acontecer com o
dinheiro disponível", disse.
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