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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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TEATRO

Escrita em 1984, a peça "Batalha de Arroz num Ringue para Dois" reúne comediantes pela primeira vez no palco

Rasi media "batalha" de Falabella e Jimenez

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone (1974-84) saía de cena no Rio de Janeiro (célebre pela irreverência dos diálogos, despojamento dos intérpretes e perspectiva coletiva da criação teatral), Mauro Rasi burilava o seu primeiro sucesso, a comédia "Batalha de Arroz num Ringue para Dois".
A peça foi montada em 1985, com Bia Nunes e Miguel Falabella representando Angela e Nélio, o casal que expõe o ridículo de seus egos e ciúmes sem fim.
Cerca de 18 anos depois de fazer parte da floração do besteirol na cena carioca dos anos 80, que se estende aos dias atuais, "Batalha de Arroz..." é remontada com o mesmo Falabella, também o diretor, contracenando pela primeira vez no palco com a colega de televisão Cláudia Jimenez.
Com a afinação consolidada no humorístico dominical "Sai de Baixo" (1996-2002), Falabella e Jimenez retomam a comédia que Rasi havia escrito justamente para eles (à época, a atriz não pôde participar da montagem).
Antes, no ano passado, essa trindade tentou, em vão, convencer a Globo a acolher uma adaptação de "Batalha de Arroz..." à la "Sai de Baixo". Projeto engavetado, decidiu-se pelo palco.
"Eu não considero "Batalha de Arroz..." dentro daquilo que se acostumou a chamar de besteirol, um teatro de citações. A peça está mais para comédia de costumes", diz Falabella, 45.
A nomeação do ator, no mês passado, para o cargo de gestor da rede municipal de teatros no Rio, vinculado à Secretaria das Culturas, foi criticada pela classe teatral carioca, uma vez que Falabella é visto como um astro de TV mais comprometido com o teatro comercial. À época, o secretário das Culturas, Ricardo Macieira, 46, disse que a escolha de Falabella se justificava pelo fato de que o ator possuia uma "identidade forte" com o teatro carioca.

Comédia de casais
Para a atriz Cláudia Jimenez, 44, "Batalha" não pode ser identificada como besteirol. "É uma comédia que mostra o lado patético do casamento. Não faço questão da gargalhada fácil, nisso já sei que sou fera. Quero mostrar agora um pouco mais de sutileza." O autor, por sua vez, assume que o texto nasceu "no auge do besteirol, com o jeito de fazer comédia consagrado no Rio".
Segundo o dramaturgo, Angela (Jimenez) e Nélio (Falabella) atravessam quatro fases ao longo da peça/casamento: as bodas de ciúmes, de egolatria, de excesso de cuidados e de senilidade.
"O público vai e faz festa, porque o importante é rir disso tudo", afirma Rasi, 51. "As doenças do casamento nunca vão mudar. Dividir o mesmo teto, juntar as escovas de dente, isso é fatal", brinca Falabella. "Não sei se temos uma química, mas um antagonismo de estilos que funciona positivamente.", diz Jimenez.


BATALHA DE ARROZ NUM RINGUE PARA DOIS - De: Mauro Rasi. Direção: Miguel Falabella. Com: Cláudia Jimenez e Falabella. Onde: teatro Vannucci (r. Marquês de São Vicente, 52, 3º piso, Gávea, Rio, tel. 0/xx/21/2274-7246). Quando: pré-estréia hoje, para convidados; estréia amanhã para o público em geral; de qua. a sáb., às 21h; dom., às 20h. Quando: R$ 30 e R$ 40 (sáb. e dom.). Até junho.


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