|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
Escrita em 1984, a peça "Batalha de Arroz num Ringue para Dois" reúne comediantes pela primeira vez no palco
Rasi media "batalha" de Falabella e Jimenez
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto o grupo Asdrúbal
Trouxe o Trombone (1974-84)
saía de cena no Rio de Janeiro (célebre pela irreverência dos diálogos, despojamento dos intérpretes e perspectiva coletiva da criação teatral), Mauro Rasi burilava
o seu primeiro sucesso, a comédia
"Batalha de Arroz num Ringue
para Dois".
A peça foi montada em 1985,
com Bia Nunes e Miguel Falabella
representando Angela e Nélio, o
casal que expõe o ridículo de seus
egos e ciúmes sem fim.
Cerca de 18 anos depois de fazer
parte da floração do besteirol na
cena carioca dos anos 80, que se
estende aos dias atuais, "Batalha
de Arroz..." é remontada com o
mesmo Falabella, também o diretor, contracenando pela primeira
vez no palco com a colega de televisão Cláudia Jimenez.
Com a afinação consolidada no
humorístico dominical "Sai de
Baixo" (1996-2002), Falabella e Jimenez retomam a comédia que
Rasi havia escrito justamente para
eles (à época, a atriz não pôde participar da montagem).
Antes, no ano passado, essa
trindade tentou, em vão, convencer a Globo a acolher uma adaptação de "Batalha de Arroz..." à la
"Sai de Baixo". Projeto engavetado, decidiu-se pelo palco.
"Eu não considero "Batalha de
Arroz..." dentro daquilo que se
acostumou a chamar de besteirol,
um teatro de citações. A peça está
mais para comédia de costumes",
diz Falabella, 45.
A nomeação do ator, no mês
passado, para o cargo de gestor da
rede municipal de teatros no Rio,
vinculado à Secretaria das Culturas, foi criticada pela classe teatral
carioca, uma vez que Falabella é
visto como um astro de TV mais
comprometido com o teatro comercial. À época, o secretário das
Culturas, Ricardo Macieira, 46,
disse que a escolha de Falabella se
justificava pelo fato de que o ator
possuia uma "identidade forte"
com o teatro carioca.
Comédia de casais
Para a atriz Cláudia Jimenez, 44,
"Batalha" não pode ser identificada como besteirol. "É uma comédia que mostra o lado patético do
casamento. Não faço questão da
gargalhada fácil, nisso já sei que
sou fera. Quero mostrar agora um
pouco mais de sutileza." O autor,
por sua vez, assume que o texto
nasceu "no auge do besteirol, com
o jeito de fazer comédia consagrado no Rio".
Segundo o dramaturgo, Angela
(Jimenez) e Nélio (Falabella) atravessam quatro fases ao longo da
peça/casamento: as bodas de ciúmes, de egolatria, de excesso de
cuidados e de senilidade.
"O público vai e faz festa, porque o importante é rir disso tudo", afirma Rasi, 51. "As doenças do casamento nunca vão mudar.
Dividir o mesmo teto, juntar as
escovas de dente, isso é fatal",
brinca Falabella. "Não sei se temos uma química, mas um antagonismo de estilos que funciona positivamente.", diz Jimenez.
BATALHA DE ARROZ NUM RINGUE
PARA DOIS - De: Mauro Rasi. Direção:
Miguel Falabella. Com: Cláudia Jimenez e
Falabella. Onde: teatro Vannucci (r.
Marquês de São Vicente, 52, 3º piso,
Gávea, Rio, tel. 0/xx/21/2274-7246).
Quando: pré-estréia hoje, para
convidados; estréia amanhã para o
público em geral; de qua. a sáb., às 21h;
dom., às 20h. Quando: R$ 30 e R$ 40 (sáb.
e dom.). Até junho.
Texto Anterior: Memória: Sacilotto foi aliança entre o modernismo e a industrialização Próximo Texto: Frases Índice
|