São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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ERIKA PALOMINO

O TRIUNFO DA CARETICE AMERICANA

Decolou no início da semana e termina hoje a temporada de desfiles do inverno 2004/2005 de Nova York, agora rebatizada como Olympus Fashion Week. As famosas tendas instaladas no Bryant Park, sede oficial do evento, nesta edição foram decoradas pelo designer de interiores Thom Filicia, do programa de TV "Queer Eye for the Straight Guy", coqueluche do momento. NY tenta defender seu lugar sob o sol do Planeta Fashion, tentando contar na passarela alguma história relevante. Neste ano, ao menos, há muito assunto. Há, por exemplo, a glorificação do que seria um estilo americano.
Desde os anos 40, com a elegância esportiva de Bonnie Cashin, por exemplo, o país tenta definir para si o que seria exatamente seu chic. Sem a herança cultural fashion européia, desde então a América tateia em busca de uma identidade. Nesta temporada, o orgulho vem falando alto, e tudo o que tem cara de all-american recebe hurras da imprensa.
Triunfa a caretice americana, com coleções inspiradas no mais convencional estilo Wasp (branco, anglo-saxão, protestante), como a da dupla de designers da Badgley Mischka. Na primeira fila, uma incrível pasteurização, observada por uma colega jornalista estreante na temporada nova-iorquina.
Quando cafonice vira tendência, fica complexo evoluir. Moda é mudança, é ruptura, subversão. E há pouco espaço para isso na sociedade americana no momento.

MARC JACOBS CAI NA ARMADILHA
Até Marc Jacobs, que já foi rebelde e grunge, caiu na armadilha da nova caretice americana -oops, nova elegância americana. Jacobs, o darling americano que desenha a Louis Vuitton, trouxe à passarela a burguesia da Prada para tentar transformar-se numa espécie de novo Ralph Lauren. Para não deixar dúvidas de que quer agradar, põe Gisele Bündchen, a modelo mais comercial do planeta, para abrir seu desfile. Jacobs também foi assunto em NY com declarações magoadas ao "Wall Street Journal", de que não é bem tratado no grupo LVMH. Felizmente, para a vida real, Jacobs tem sua segunda linha, a Marc, onde se exercita na linguagem das ruas que tanto conhece. Produções urbanas e mais acessíveis. Afinal, basta olhar para os lados na rua e ver as lojas em absurdas liqüidações e pouca gente comprando. Com bastante frio, as consumidoras (e o varejo) não vêem a hora de chegar a primavera.

CUSTO BARCELONA ABRE LOJA NO BRASIL
Quem também tem mais viagem marcada para o Brasil é o espanhol Custo Barcelona, que abre loja própria na Oscar Freire nos próximos meses. Ele convidou jornalistas brasileiros para conhecer seu estilo jovem e colorido, inspirado no glamour das Bond Girls e no estilo divertido do Studio 54. Assim, muitas mínis e jaquetinhas, numa silhueta fragmentada e approach esportivo, com pitadas de parkas de esqui e legging preto para tudo. As proporções e as estampas, marcas de seu trabalho, deverão agradar em cheio as brasileiras. Por fim, uma estampa em uma roupa trazia o desenho do World Trade Center em chamas.


A colunista Erika Palomino viajou a convite da marca Custo Barcelona.

BRASIL NA RODA AMERICANA
Narciso Rodriguez é a bola da vez. Cotado para substituir o também americano Tom Ford na Gucci, Narciso é o wonder boy do momento. Sua silhueta controlada e construída dá provas de seu domínio técnico, e se seus vestidos do início do badalado desfile trazem a referência de mergulho de estações anteriores, do meio para o final ele realmente solta a mão, exímio artífice de uma feminilidade contemporânea, feita sobre sofisticados cetins, encaixes e recortes. Rodriguez, que é amante da cultura brasileira, tem uma viagem marcada para o Brasil nos próximos meses e deverá lançar seu perfume -outro sucesso- por aqui. Outro brasileiro, Francisco Costa, é o nome na boca de todos. Em sua segunda coleção para a Calvin Klein (desfile marcado para a tarde de ontem), ele gera muita expectativa. Alegando problemas com fornecedores, Costa mexeu na data de seu desfile, como fez também Carlos Miele, que não quis bater com a data da festa da Louis Vuitton na terça. Festa por festa, as mais hypes da semana foram da revista "Index", para lançar sua edição Morrissey, a da Opening Ceremony, a da revista "Dazed & Confused" no hotel Maritime e a da M.A.C, para lançar seu sensacional batom Viva Glam 5, com Linda Evangelista, Chloë Sevigny e Missy Elliot, todos em si, com muito champagne e o staff de beauty artists da marca, em clima relaxado e fashion.

na noite ilustrada...
O DJ Mike Parsons toca hoje com Mau Mau e Mauricio U.M. na Technova do Lov.e; a dupla Ana Flavia e Paula estão na 1,2,3,4 U no Pix e Edgard Scandurra apresenta seu live act Benzina na noite "I Love Satã", no Madame Satã. Tem também a divertida noite das meninas do Cansei de Ser Sexy, na Torre. Sábado tem a esperada noite com o DJ Tiësto, no hotel Unique. Também tocam Smokin Jo e Mau Mau; no after do Lov.e tem Camilo Rocha e os DJs França e Roger Rabbit tocam na Mothership, no D-Edge. Os DJs Marcio Vermelho, Vitor A. e Stanley fazem festa na Sala Real (r. Epitácio Pessoa, 155) com diversidade no som: house, electro, soul, r'n'b, disco e rock. Na quarta, estréia a noite Black Bop, novidade do Bop Bistrô (r. Inácio Pereira da Rocha, 170), com o núcleo Soul Family mais o rapper Xis. Rola também na mesma noite o projeto Kruton, no Macao, com André Juliani e Daniel U.M

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