São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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Quem é esta mulher?

"Talk show" da bilionária Oprah Winfrey, que é líder de audiência nos EUA há 18 temporadas, chega amanhã à TV brasileira

DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Bill Clinton comenta infidelidade, fraquezas e o poder de ter sido presidente da maior potência do mundo. Julia Roberts fala da alegria de ser mãe. Aplausos! Donald Trump reencontra seus "demitidos", Tom Cruise dá uma receita de espaguete à carbonara. Suspiros! Um debate sobre mudança de sexo ganha corpo, segredos familiares vêm à tona. Tensão! Foco na platéia: a título de presente de um patrocinador, 276 carros são distribuídos como se fossem bombons, as chaves dos automóveis espalhadas, dentro de caixinhas, entre o auditório. Euforia!
Esse é o mundo de Oprah Winfrey, 51, em que informações exclusivas se mesclam a bizarrices e a surpresas, e dicas de moda e bem-estar figuram ao lado de dramas diários e risadas compartilhadas com astros hollywoodianos. Esse glamouroso "circo eletrônico", o "The Oprah Winfrey Show", se apresenta para espectadores de 110 países e passa a ser exibido também no Brasil a partir de amanhã, pelo canal de TV paga GNT.
A atração estréia no país com uma entrevista de Leonardo DiCaprio, a primeira aparição do ator no programa depois de dez anos. Visto por cerca de 30 milhões de americanos, o "talk show" é líder de audiência na TV a cabo dos EUA há 18 temporadas. O lucro semanal do programa, criado em 1985, é de aproximadamente US$ 300 milhões por ano (cerca de R$ 782 milhões). Um anúncio de 30 segundos no intervalo do "The Oprah Winfrey Show" custa cerca de US$ 75 mil (R$ 196 mil).
A mágica da mestre-de-cerimônias é fazer de suas entrevistas momentos para a troca de intimidades, numa estratégia que rende dividendos hoje avaliados em US$ 1,1 bilhão (R$ 2,9 bilhões), valor estimado do patrimônio de Winfrey, a apresentadora de televisão mais bem paga dos EUA.
O tom de confidência que assume na relação entre entrevistado, entrevistador e telespectador, somado a doses diárias de aconselhamentos e atitudes benéficas para o cotidiano, seja na TV, num artigo de revista ou em roupões de banho, são as armas, tornadas infalíveis, desse Midas nascido pobre, negro e mulher, que ganhou o primeiro sapato aos seis anos, tornou-se mãe aos 14 (mas o bebê morreria duas semanas depois), sofreu abuso sexual de tios e primos e hoje está entre as pessoas mais ricas do mundo.
Em sua revista "O" deste mês, por exemplo, conta às leitoras que, arrumando gavetas, encontrara uma carta de amor nunca enviada para uma paixão que teve aos 29 anos. A apaixonada missiva, 12 páginas "patéticas onde eu não me reconhecia", foi a senha para Winfrey discorrer sobre o amor que vale a pena e "que não causa ansiedade".

Marca registrada
Guru de milhões de espectadores e orgulho das "afro-americanas", a apresentadora também se reveza nas funções de produtora e surpreende como atriz (foi indicada ao Oscar de coadjuvante, em 1986, por sua atuação em "A Cor Púrpura"), mas mostra habilidades notáveis sobretudo como empresária. Dá nome a revista, clube de compra e discussão de livros -passagem garantida para uma obra virar best-seller-, rede de ajuda a países pobres e vítimas de catástrofes (a Oprah's Angel Network), dieta de emagrecimento, ursinho de pelúcia, camiseta, vela, boné, jaqueta, meia, pijama e, acredite, até roupinha de bebê.
Movimenta-se de uma entrevista com Laura Bush a uma longa conversa com o bispo Desmond Tutu, passando por uma participação na série "Desperate Housewives", como se tudo fosse não trabalho, mas extensão de sua vida, momentos de privacidade divididos com os espectadores/leitores que acompanham os projetos, lançamentos e produtos de sua Harpo Inc., holding de onde saem filmes e programas de TV (inclusive o seu "talk show"), publicações, investimentos em canal de TV a cabo, negócios imobiliários e artigos de consumo.
Para a diretora do GNT, Letícia Muhana, "o carisma de Oprah e os assuntos abordados são os principais pontos fortes do programa". "O que nos orienta na decisão de apostarmos numa atração é a sua adequação ao foco do canal e os potenciais de retorno comercial e de audiência. "The Oprah Winfrey Show" preenche esses três requisitos."


THE OPRAH WINFREY SHOW. Quando: a partir de amanhã; de segunda a sexta, às 17h (horários alternativos: às 7h30 e às 13h30, de segunda a sexta), no canal pago GNT.


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