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MODA
Viktor & Rolf, Yamamoto e Willhem dão vida à temporada fashion
Paris acorda com explosão de energia criativa
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS
Foi o big bang da estação. Um
pouco da energia criativa de Paris
e um fim-de-semana cheio de
bons desfiles era o que precisava
para dar vida aos fashionistas,
nesta última semana da temporada de lançamentos do prêt-à-porter para outono-inverno 2001/
2002, que acontece em Paris até o
próximo dia 17.
O japonês Yohji Yamamoto fez
o primeiro grande desfile da capital francesa, na noite de sábado,
quando levou a turba fashion até
as salas do centro desportivo La
Vilette.
O mood, quem diria, é esportivo. Mais: é Adidas, em releituras
do mestre para as formas fluidas
de jaquetas, bermudões e capas. O
boxe foi um dos fios condutores,
em botinhas de boxeador e nas
vestes com capuz e nas luvas, desdobradas como acessórios.
As características do estilista estavam lá, como o tratamento único de materiais levíssimos, o drapeado japonista que revolucionou a moda nos anos 80, a ironia e
a inteligência nos detalhes.
A novidade: Yohji Yamamoto
mostra que sabe olhar para as necessidades do mercado e, por que
não, que sabe ser comercial. E que
isso não significa se vender.
Poético e prático
Ao contrário: ele vai vender e
muito sua coleção de inverno, das
capas aos gorros, das bolsas molengas penduradas nos ombros
(feito luvas de boxe), passando
pelos óculos hollywoodianos até
os tênis de solado laranja, que certamente vão ser ícone de fashionistas no mundo todo.
Nas formas, Yohji Yamamoto
vem poético e prático, brincando
com bolsos, com barrados esportivos em laranja e azul pontilhando uma coleção bicolor e espichando a silhueta, baixando a cintura nos vestidões largados. Memorável.
A dupla holandesa Viktor &
Rolf também veio no sábado e o
desfile, histórico, foi o primeiro
da estação a ganhar pinta de "já
ganhou".
Para refletir a inspiração nos
buracos negros do cosmos, eles
pintaram rostos e corpos das modelos de preto e desdobraram
uma coleção inteira em preto com
interessantes jogos de texturas,
formas, relevos, brilhos e opacos
-tudo ressaltado, no preto sobre
preto.
Formas clássicas da couture
apareceram no consciente trabalho de silhuetas da dupla, que
trouxe intelectualidade a um fim-de-semana que teve ainda os japoneses Rei Kawakubo, para sua
Comme des Garçons, e Junya
Watanabe, assistente da mestra
que desfila linha própria sob as
asas da marca-mãe.
Watanabe se voltou para os
anos 60, tendência da estação, trabalhando as formas de estilistas
como Pierre Cardin e André
Courrèges em contemporâneos
looks em tweed multicoloridos,
em revisão tecno.
Modernistas
Martine Sitbon acionou raízes
rock and roll para um inverno
concentrado e denso, em que a estilista substitui também seu approach feminino/feminista pela
rigidez das linhas militares em
duros casacos de lã.
O couro, combinado com desfiados em linha e em tops de musselina sem acabamento, dava o
tom de hard/soft que também
contagia este inverno 2001/2002.
Não foi um grande momento para Sitbon, entretanto, e pareceu
faltar um pouco da personalidade
da estilista à coleção.
Suas clientes modernistas vão
encontrar lá, de toda forma, as
blusas com mangas bufantes e relevo em drapeado que todas queremos agora.
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