São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2001

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MODA

Viktor & Rolf, Yamamoto e Willhem dão vida à temporada fashion

Paris acorda com explosão de energia criativa

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Foi o big bang da estação. Um pouco da energia criativa de Paris e um fim-de-semana cheio de bons desfiles era o que precisava para dar vida aos fashionistas, nesta última semana da temporada de lançamentos do prêt-à-porter para outono-inverno 2001/ 2002, que acontece em Paris até o próximo dia 17.
O japonês Yohji Yamamoto fez o primeiro grande desfile da capital francesa, na noite de sábado, quando levou a turba fashion até as salas do centro desportivo La Vilette.
O mood, quem diria, é esportivo. Mais: é Adidas, em releituras do mestre para as formas fluidas de jaquetas, bermudões e capas. O boxe foi um dos fios condutores, em botinhas de boxeador e nas vestes com capuz e nas luvas, desdobradas como acessórios.
As características do estilista estavam lá, como o tratamento único de materiais levíssimos, o drapeado japonista que revolucionou a moda nos anos 80, a ironia e a inteligência nos detalhes.
A novidade: Yohji Yamamoto mostra que sabe olhar para as necessidades do mercado e, por que não, que sabe ser comercial. E que isso não significa se vender.

Poético e prático
Ao contrário: ele vai vender e muito sua coleção de inverno, das capas aos gorros, das bolsas molengas penduradas nos ombros (feito luvas de boxe), passando pelos óculos hollywoodianos até os tênis de solado laranja, que certamente vão ser ícone de fashionistas no mundo todo.
Nas formas, Yohji Yamamoto vem poético e prático, brincando com bolsos, com barrados esportivos em laranja e azul pontilhando uma coleção bicolor e espichando a silhueta, baixando a cintura nos vestidões largados. Memorável.
A dupla holandesa Viktor & Rolf também veio no sábado e o desfile, histórico, foi o primeiro da estação a ganhar pinta de "já ganhou".
Para refletir a inspiração nos buracos negros do cosmos, eles pintaram rostos e corpos das modelos de preto e desdobraram uma coleção inteira em preto com interessantes jogos de texturas, formas, relevos, brilhos e opacos -tudo ressaltado, no preto sobre preto.
Formas clássicas da couture apareceram no consciente trabalho de silhuetas da dupla, que trouxe intelectualidade a um fim-de-semana que teve ainda os japoneses Rei Kawakubo, para sua Comme des Garçons, e Junya Watanabe, assistente da mestra que desfila linha própria sob as asas da marca-mãe.
Watanabe se voltou para os anos 60, tendência da estação, trabalhando as formas de estilistas como Pierre Cardin e André Courrèges em contemporâneos looks em tweed multicoloridos, em revisão tecno.

Modernistas
Martine Sitbon acionou raízes rock and roll para um inverno concentrado e denso, em que a estilista substitui também seu approach feminino/feminista pela rigidez das linhas militares em duros casacos de lã.
O couro, combinado com desfiados em linha e em tops de musselina sem acabamento, dava o tom de hard/soft que também contagia este inverno 2001/2002. Não foi um grande momento para Sitbon, entretanto, e pareceu faltar um pouco da personalidade da estilista à coleção.
Suas clientes modernistas vão encontrar lá, de toda forma, as blusas com mangas bufantes e relevo em drapeado que todas queremos agora.


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