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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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"VIAGENS DE UM REPÓRTER - UM BARRIGA-VERDE NA TERRA AZUL"

Relatos de um jornalista viajante

GILBERTO FELISBERTO VASCONCELLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Viajar é bom, mas ter viajado é melhor ainda, sobretudo se o viajante possui a inteligente vocação do relato, do olhar arguto, da fina observação e o senso de geografia, como é o caso de Paulo Ramos Derengoski, o singularíssimo jornalista de Lajes, Santa Catarina, que já ofertou à literatura brasileira o clássico "Guerra do Contestado", a réplica sulina do arraial de Canudos.
É raro deparar-se com jornalista que não seja chegado numa viagem. Esse Paulo Ramos Derengoski é um invejável viajor; e, além disso, representa o jornalismo dos "old times", dos velhos tempos, escreve muito bem, possui visão de mundo, tem opinião e preza sua ideologia.
Por isso, não faz jornalismo macumba para turista, nem quer mostrar-se pimpão e narciso ao contar suas andanças ao redor do mundo todo.
Sim, pelo mundo, andando por tudo quanto é canto. Andador de continentes como o escritor português Eça de Queiroz. Já esteve na Rússia, na África, nos Estados Unidos, na Europa, na Nova Zelândia, no Chile, em San Marino, na Ilha da Madeira.

Prazeres
"Não fui à Escócia fazer turismo, ouvir gaita de fole, ver saiote de homens, mulher de cabelos vermelhos, ovelha lanuda, nobre decadente, gado de raça ou castelo medieval.
Só fui à velha Escócia conferir (e degustar) um dos maiores prazeres da vida civilizada: o bom, generoso e inspirador uísque escocês legítimo.
O puro, o respeitado scotch, a bebida -segundo as últimas estatísticas da ONU- faz diariamente a cabeça de 87 milhões de pessoas em todo o mundo...", escreve Paulo Ramos Derengoski no seu recém-lançado volume "Viagens de um Repórter - Um Barriga-Verde na Terra Azul".
Um bom livro de viagens, penso eu, não deve apenas retratar as países, gentes e os lugares; deve também revelar a psicologia do viageiro, digamos assim: o que ele leva na bagagem cultural, porque é essa bagagem que define o homem que viaja.
Estamos diante de um jornalista culto e, como dizia o grande versejador português Luís Vaz de Camões, com saber de experiência feito.
Lá no México, o jornalista Derengoski evoca o poeta Octavio Paz para dizer que uma das grandes virtudes do povo mexicano é o estoicismo.
Em suas observações sempre aparece, indefectivelmente, a marca do intelectual brasileiro. Vêmo-lo incapaz de esquecer o litoral de Santa Catarina, que só perde em beleza para o mar das Antilhas.
Enfim, este livro saboroso de viagem deveria ser indicado a todos os professores e alunos das faculdades de turismo.


Gilberto Felisberto Vasconcellos é professor de ciências sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) e autor de "Glauber Pátria Rocha Livre" (ed. Senac) e "A Salvação da Lavoura" (ed. Casa Amarela), entre outros

Viagens de um Repórter - Um Barriga-Verde na Terra Azul     
Autor: Paulo Ramos Derengoski
Editora: Insular
Quanto: R$ 15 (128 págs.)


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