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Maria Bonomi faz cenografia
conceitual
DA REPORTAGEM LOCAL
A cenografia de "Tarsila"
reata Maria Bonomi com o
teatro. O último trabalho
que a pintora e gravurista assinou no palco foi em 1989,
em "Noite na Taverna", de
Alvares de Azevedo, encenação de Ademar Guerra.
Na primeira peça, "As Feiticeiras de Salém" (60), de
Arthur Miller, a direção era
de Antunes Filho, com
quem foi casada. "Hoje a cenografia é mais um suporte
do que um tema. É totalmente minimalista, não há
mais aquele sentido naturalista, realista", diz Bonomi,
71, que volta às artes cênicas
por meio do apelo das artes
plásticas. Ela conheceu Tarsila, identifica-se afetivamente com o projeto.
O palco do teatro Sesc Anchieta recebe cenografia
conceitual. Bonomi quer
dialogar com a visualidade
que Tarsila procurava liberar em suas obras. Além do
lugar da memória, representado pelo cubo onde são
projetadas as imagens dos
quadros, há elementos como
colunas evocativas da art noveau, de linhas sinuosas.
Os três planos de ação (Paris, a fazenda e a cidade de
São Paulo) não são estanques; ao contrário, são desenhados pelos vazios.
Entre esses três planos, Bonomi imprime um olhar especial sobre o espaço da intimidade, o lugar do ateliê, do
cavalete, da criação, enfim, o
"plano da essência".
Acostumada a intervir no
espaço público, onde é imperativo se adequar à realidade, Bonomi vê no teatro
um contraponto: o território
do onírico, onde os sonhos
não têm limites. "Só lamento
que o teatro seja como a vida, efêmero. Para mim isso é
muito triste."
(VS)
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