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DANÇA
Bailarina clássica encara coreografia contemporânea em espetáculo que dirige ao lado da pianista Lilian Barretto
Ana Botafogo atravessa 3 etapas do amor
KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Que o amor é um assunto inesgotável ninguém discute, quanto
mais "étoiles" como a bailarina
Ana Botafogo, que resolveu fazer
suas variações sobre o tema em
pontas e meias-pontas.
Em solos, duos e trios, a mais
conhecida bailarina clássica brasileira interpreta melodias arrebatadas de Villa-Lobos, Chico Buarque, Cartola, Tom Jobim, Astor
Piazzola, entre outros, a partir de
quinta, no teatro da Faap, em SP.
Com ela, dividem o palco os
também bailarinos do Teatro Municipal do Rio Joseny Coutinho e
Marcelo Misailidis, além da pianista Lilian Barretto e de um conjunto de seis músicos.
O espetáculo "Três Momentos
do Amor" é dividido em três partes, que perpassam a encantadora
"fase do conhecimento" e da paixão, bem como as de conflito, dúvida e angústia. As três possíveis
interpretações do amor foram coreografadas por Heron Nobre,
Renato Vieira e Luis Arrieta especialmente para Botafogo.
"São três interpretações diferentes, tanto musicalmente como
na forma de dançar. Na primeira
parte, faço algo mais ingênuo, na
ponta, com o cabelo preso. Ao
longo da coreografia, troco o par
de sapatilha de ponta por outro de
meia-ponta e os cabelos estão soltos para uma dança mais contemporânea", diz a bailarina à Folha.
A idéia de "Três Momentos do
Amor" nasceu da parceria de Botafogo com a pianista Lilian Barreto. As duas assinam juntas a direção artística do espetáculo.
"Não queríamos fazer um espetáculo só de música ou só de dança. Procuramos unir a orquestra,
os novos arranjos e os bailarinos
ao vivo, de modo que pudéssemos destacar as duas artes", conta
a pianista.
Nos passos coreografados por
Heron Nobre, é valorizada a técnica clássica de Botafogo, conhecida também mundialmente por
seu virtuosismo e carisma. É
quando ela transpira a ingenuidade dos primeiros encontros. "Na
primeira parte há uma espécie de
brincadeira, quando eu danço um
chorinho. Há também cenas mais
melancólicas -evidentes na variação embalada pela música
"Modinha" da "Suíte Brasileira Nš
2", de Lorenzo Fernandes."
Quando Botafogo troca as sapatilhas e desprende o coque, o espetáculo ganha ares mais modernos. E como é para uma bailarina
tipicamente clássica dançar uma
peça contemporânea?
"O bailarino deve estar preparado para qualquer tipo de dança. É
preciso diversificar. Eu adoro o
clássico, que inclusive é o meu estilo, mas também adoro sentir algo bater diferente dentro de mim
quando interpreto uma dança
moderna ou contemporânea."
A última parte concentra quatro
músicas de Piazzola, entre elas
"Años de Soledad" e "Adios Noniño". Nela, o tom visceral do autor conduz os passos dos pas-de-troix (dança para três pessoas)
entrelaçados com a coreografia de
Arrieta marcando encontros e desencontros. "Não há como não
lembrar de Piazzola quando se fala de amor", derrete-se a pianista.
"Três Momentos do Amor" foi
encomendado pelo Centro Cultural Banco do Brasil em 2001 e esteve em temporada-relâmpago por
SP. Agora, na mesma cidade, inicia sua turnê nacional.
TRÊS MOMENTOS DO AMOR. Com Ana
Botafogo e Lilian Barretto. Quando: do
dia 18 ao 21 de março; qui. e sex., às 21h;
sáb., às 18h e às 21h; e dom., às 18h.
Quanto: de R$ 20 a R$ 40. Onde: teatro da
Faap (r. Alagoas, 903, Pacaembu, tel. 0/
xx/11/3362-7233). Patrocinador: Ibope.
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