São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Projeto reata irmãos Cavalera

Após 11 anos sem contato, os ex-Sepultura Max e Iggor se reúnem no grupo Cavalera Conspiracy

Dupla lança disco no próximo dia 24 e, em seguida, sai em turnê européia; em entrevista, Max fala sobre reencontro

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1996, o Sepultura era não apenas a banda brasileira de maior sucesso no exterior como um dos principais nomes do metal. Vinham de três discos muito bem-sucedidos, escalações nos maiores festivais do mundo e a agenda estava preenchida com mais de uma centena de shows por fazer. Aí eles colocaram tudo a perder.
Era dezembro de 1996. Ainda no ônibus, após um show lotado na tradicional Brixton Academy, em Londres, Max Cavalera irritou-se com os companheiros de banda (o irmão, Igor; Andreas Kisser; Paulo Xisto Jr.), que não queriam mais ser empresariados pela mulher de Max, Glória.
"Sem pensar duas vezes", Max deixava o Sepultura. E ficaria 11 anos sem ver o irmão.
"Aquela foi uma época muito tumultuada. O sucesso veio muito forte, a banda estava muito popular. E, no meio disso, aconteceu a morte do meu enteado", relembra Max, por telefone, à Folha. "Queria ficar um tempo com a Glória, mas não estava bem com o resto do pessoal. Eles queriam outro empresário, e eu resolvi sair. Se acontecesse hoje, a história seria diferente. A gente teria dado um tempo, tirado umas férias. Naquela época, não soubemos lidar com o sucesso."
Hoje com 38 anos, Max assume oportunidade para resgatar parte do que viveu no Sepultura. Reatado com Iggor (que adotou mais um "g" no nome), ele lança "Inflikted" (Warner) no próximo dia 24, disco que marca a estréia do projeto Cavalera Conspiracy -além de Max e Iggor (37 anos), estão no grupo Marc Rizzo (guitarra) e Joe Duplantier (baixo).
O Cavalera Conspiracy é encarado como um projeto -Max continua com sua banda, Soulfly, e Iggor, com o MixHell (dupla de dance music). O CC é resultado direto da reaproximação dos irmãos, ambos nascidos em Belo Horizonte.
"A iniciativa foi do Iggor", conta Max, sobre conversa que os irmãos tiveram no ano passado. "Eu estava em turnê com o Soulfly e ele me ligou, do nada. Me pegou de surpresa. brinquei até que podia ter tido um ataque do coração... Ele nem me explicou muita coisa, disse que tinha saído do Sepultura, que tinha tido um filho, o Antônio. Então eu o convidei pra vir a Phoenix [cidade norte-americana onde Max está radicado]. Ele veio com a mulher e foi muito legal, reencontrou os meus filhos [sete]."
Na ocasião, Max e Iggor voltaram a dividir palco. "Tinha um show do Soulfly em Phoenix. E não deu pra segurar. Chamei o Iggor ao palco e tocamos "Roots" [música da época do Sepultura]. Quando ele entrou no palco, o lugar foi abaixo. No camarim, depois, eu disse: "Vamos fazer alguma coisa juntos. É o nosso destino"."

Basquete
Com sete filhos e dois netos, Max vive em Phoenix há 14 anos. Está totalmente ambientado à cidade. "Minha família está aqui, a escola dos meus filhos é aqui. Gosto de Phoenix porque fica no meio do deserto, afastada, não tem badalação."
Nesse tempo, veio poucas vezes ao Brasil -algumas para shows do Soulfly. Em Phoenix, uma de suas diversões é levar os filhos aos jogos do Phoenix Suns, time da NBA que conta com o brasileiro Leandrinho.
"Já fui vê-lo jogar várias vezes, levando meus filhos. Mas ainda não o conheço."
O contato com Iggor levou Max ao Cavalera Conspiracy e a "Tropa de Elite", que recebeu do irmão em DVD. "Já assisti umas dez vezes. É meu filme preferido." Sobre artistas brasileiros, diz gostar de Bonde do Rolê e Turbo Trio.
Após o lançamento de "Inflikted", o Cavalera Conspiracy (www.myspace.com/cavaleraconspiracy) sai em extensa turnê pela Europa.


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