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Projeto reata irmãos Cavalera
Após 11 anos sem contato, os ex-Sepultura Max e Iggor se reúnem no grupo Cavalera Conspiracy
Dupla lança disco no próximo dia 24 e, em seguida, sai em turnê
européia; em entrevista, Max fala sobre reencontro
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1996, o Sepultura era não
apenas a banda brasileira de
maior sucesso no exterior como um dos principais nomes
do metal. Vinham de três discos
muito bem-sucedidos, escalações nos maiores festivais do
mundo e a agenda estava
preenchida com mais de uma
centena de shows por fazer. Aí
eles colocaram tudo a perder.
Era dezembro de 1996. Ainda
no ônibus, após um show lotado na tradicional Brixton Academy, em Londres, Max Cavalera irritou-se com os companheiros de banda (o irmão,
Igor; Andreas Kisser; Paulo
Xisto Jr.), que não queriam
mais ser empresariados pela
mulher de Max, Glória.
"Sem pensar duas vezes",
Max deixava o Sepultura. E ficaria 11 anos sem ver o irmão.
"Aquela foi uma época muito
tumultuada. O sucesso veio
muito forte, a banda estava
muito popular. E, no meio disso, aconteceu a morte do meu
enteado", relembra Max, por
telefone, à Folha. "Queria ficar
um tempo com a Glória, mas
não estava bem com o resto do
pessoal. Eles queriam outro
empresário, e eu resolvi sair. Se
acontecesse hoje, a história seria diferente. A gente teria dado um tempo, tirado umas férias. Naquela época, não soubemos lidar com o sucesso."
Hoje com 38 anos, Max assume oportunidade para resgatar
parte do que viveu no Sepultura. Reatado com Iggor (que
adotou mais um "g" no nome),
ele lança "Inflikted" (Warner)
no próximo dia 24, disco que
marca a estréia do projeto Cavalera Conspiracy -além de
Max e Iggor (37 anos), estão no
grupo Marc Rizzo (guitarra) e
Joe Duplantier (baixo).
O Cavalera Conspiracy é encarado como um projeto -Max
continua com sua banda,
Soulfly, e Iggor, com o MixHell
(dupla de dance music). O CC é
resultado direto da reaproximação dos irmãos, ambos nascidos em Belo Horizonte.
"A iniciativa foi do Iggor",
conta Max, sobre conversa que
os irmãos tiveram no ano passado. "Eu estava em turnê com
o Soulfly e ele me ligou, do nada. Me pegou de surpresa. brinquei até que podia ter tido um
ataque do coração... Ele nem
me explicou muita coisa, disse
que tinha saído do Sepultura,
que tinha tido um filho, o Antônio. Então eu o convidei pra vir
a Phoenix [cidade norte-americana onde Max está radicado].
Ele veio com a mulher e foi
muito legal, reencontrou os
meus filhos [sete]."
Na ocasião, Max e Iggor voltaram a dividir palco. "Tinha
um show do Soulfly em Phoenix. E não deu pra segurar.
Chamei o Iggor ao palco e tocamos "Roots" [música da época
do Sepultura]. Quando ele entrou no palco, o lugar foi abaixo. No camarim, depois, eu disse: "Vamos fazer alguma coisa
juntos. É o nosso destino"."
Basquete
Com sete filhos e dois netos,
Max vive em Phoenix há 14
anos. Está totalmente ambientado à cidade. "Minha família
está aqui, a escola dos meus filhos é aqui. Gosto de Phoenix
porque fica no meio do deserto,
afastada, não tem badalação."
Nesse tempo, veio poucas vezes ao Brasil -algumas para
shows do Soulfly. Em Phoenix,
uma de suas diversões é levar
os filhos aos jogos do Phoenix
Suns, time da NBA que conta
com o brasileiro Leandrinho.
"Já fui vê-lo jogar várias vezes, levando meus filhos. Mas
ainda não o conheço."
O contato com Iggor levou
Max ao Cavalera Conspiracy e a
"Tropa de Elite", que recebeu
do irmão em DVD. "Já assisti
umas dez vezes. É meu filme
preferido." Sobre artistas brasileiros, diz gostar de Bonde do
Rolê e Turbo Trio.
Após o lançamento de "Inflikted", o Cavalera Conspiracy
(www.myspace.com/cavaleraconspiracy) sai em extensa
turnê pela Europa.
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