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Crítica/show
Burocracia do Interpol atrapalha show em SP
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma boa maneira de conhecer o público de
um show (além dos fãs
da banda principal, claro) é
prestar atenção nas camisetas.
Na apresentação do Interpol,
anteontem em São Paulo, tinha
gente com camisetas do Jesus
& Mary Chain, Bauhaus e, para
desespero do grupo nova-iorquino, Joy Division.
Essa era a dica para entender
por que tanta gente lotava um
Via Funchal insuportavelmente quente. Ao vivo, o Interpol
mostrou que seu sucesso é resultado de uma equação longa,
mas fácil de resolver, em que
entram elementos como pós-punk e novo rock (que agradam
teens e quarentões), romantismo e messianismo (que agradam alternativos e os que adoram um pop mais consistente).
O palco, simples, tem um telão com projeção de imagens e
torres de luzes. Eles querem ser
chiques. E a música? Mesmo
que você ache o Interpol mero
pastiche do pós-punk, é impressionante a reação que eles
causam logo na primeira música, "Pioneer to the Falls". Climática, lenta e soturna, faz o lugar parecer uma micareta. Em
"Slow Hands", é quase impossível ouvir o que o vocalista Paul
Banks canta, já que os fãs seguem junto a letra a plenos pulmões, e já que o som do Via
Funchal estava embolado.
Mas, deixando o romantismo
de lado, trata-se de um show arrastado, sem ritmo, burocrático, que revela a fragilidade de
certas canções. O próprio Interpol não acreditava.
Conhecidos pela postura blasé, elogiaram a platéia e não tiveram pudores em apelar para
as emoções dos que procuravam catarse coletiva. Em "Turn
on the Bright Lights", as luzes
intensas da casa se acendem,
atendendo ao que Banks canta.
O Interpol parece Joy Division,
mas deve gostar mesmo é do
U2. A banda toca hoje no Rio,
na Fundição Progresso, e sábado, em BH, no Chevrolet Hall.
Avaliação: regular
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