São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Crítica/show

Burocracia do Interpol atrapalha show em SP

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma boa maneira de conhecer o público de um show (além dos fãs da banda principal, claro) é prestar atenção nas camisetas. Na apresentação do Interpol, anteontem em São Paulo, tinha gente com camisetas do Jesus & Mary Chain, Bauhaus e, para desespero do grupo nova-iorquino, Joy Division.
Essa era a dica para entender por que tanta gente lotava um Via Funchal insuportavelmente quente. Ao vivo, o Interpol mostrou que seu sucesso é resultado de uma equação longa, mas fácil de resolver, em que entram elementos como pós-punk e novo rock (que agradam teens e quarentões), romantismo e messianismo (que agradam alternativos e os que adoram um pop mais consistente).
O palco, simples, tem um telão com projeção de imagens e torres de luzes. Eles querem ser chiques. E a música? Mesmo que você ache o Interpol mero pastiche do pós-punk, é impressionante a reação que eles causam logo na primeira música, "Pioneer to the Falls". Climática, lenta e soturna, faz o lugar parecer uma micareta. Em "Slow Hands", é quase impossível ouvir o que o vocalista Paul Banks canta, já que os fãs seguem junto a letra a plenos pulmões, e já que o som do Via Funchal estava embolado.
Mas, deixando o romantismo de lado, trata-se de um show arrastado, sem ritmo, burocrático, que revela a fragilidade de certas canções. O próprio Interpol não acreditava.
Conhecidos pela postura blasé, elogiaram a platéia e não tiveram pudores em apelar para as emoções dos que procuravam catarse coletiva. Em "Turn on the Bright Lights", as luzes intensas da casa se acendem, atendendo ao que Banks canta. O Interpol parece Joy Division, mas deve gostar mesmo é do U2. A banda toca hoje no Rio, na Fundição Progresso, e sábado, em BH, no Chevrolet Hall.


Avaliação: regular

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