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"Nunca fiz nada sem sexualidade"
DA REDAÇÃO
"A sexualidade sempre esteve
presente em minha obra. Não me
lembro de nada que eu tenha feito
em que esse tema não viesse à
mente. Acho algo inerente ao ser
humano", disse o coreógrafo Angelin Preljocaj, questionado sobre
a presença constante de movimentos e imagens sensuais em
suas criações.
Um voluptuoso exemplo é seu
"Licores da Carne", que o Balé da
Cidade incorpora ao repertório e
apresenta a partir de amanhã em
temporada no Teatro Municipal,
em São Paulo.
Como uma estátua, um homem
é colocado no centro do palco e fica rodeado por mulheres que o
devoram com os olhos e o tocam
com as bocas.
Os corpos se grudam, transitam
com e sem saltos altos. Homens e
mulheres encaram a platéia com
pouquíssima roupa. Por baixo do
sobretudo usado pela ala masculina em dados momentos, a nudez,
pura e simples. O recurso de movimentação criado a partir dessa
peça de roupa demarca e explora
o jogo sensual do "esconde aqui,
aparece ali".
"Os sobretudos são usados como uma metáfora, que pode parecer óbvia, das couraças e máscaras usadas pelas pessoas. Por baixo dessa capa, pode estar escondido algo belo, que surge quando
elas resolvem mostrar sua intimidade", diz o coreógrafo.
Quando estreou na Europa, em
1988, o espetáculo causou furor
com os nus, ainda que nada explícitos, dos homens. "Ainda hoje
acho que a nudez masculina é
pouco explorada na arte. As mulheres estão superexpostas, e eu
quis variar um pouco", explica
Preljocaj.
Por aqui, durante a remontagem, os bailarinos receberam
"partituras coreográficas", uma
espécie de mapa da coreografia.
Foi um desafio para o elenco da
companhia, o Balé da Cidade de
SP, decorar e executar as seqüências preestabelecidas na primeira
montagem. Cada um dos bailarinos precisou decorar a notação de
movimentos, batizada com os nomes do elenco da versão original
da obra, e comentaram a dificuldade para encaixar a movimentação na contagem de Preljocaj.
O espetáculo "Licores da Carne" se junta à coletânea de criações de coreógrafos consagrados
trazidos pelo BCSP ao país com o
objetivo de apresentar obras que
dificilmente poderiam ser vistas
pelo público brasileiro a preços
acessíveis, como no caso do israelense Ohad Naharin e do argentino Oscar Araiz.
Aqui, a remontagem de "Licores da Carne" ficou a cargo da assistente Silvia Bidegain. A música
original é do francês Laurent Petitgant.
Em alguns momentos, o elenco
é acompanhado pelo som do saxofone, executado ao vivo por
dois músicos que se alternam no
palco -o próprio Petitgant e o
brasileiro Ramiro Marques.
LICORES DA CARNE. Espetáculo de
Angelin Preljocaj remontado pelo Balé
da Cidade de São Paulo. Onde: Teatro
Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nš,
centro, São Paulo, tel. 0/xx/11/222-8698). Quando: de amanhã a sábado, às
21h; e domingo, às 17h. Quanto: de R$ 10
a R$ 60.
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