MARCELO NEGROMONTE
da Redação

A última noite do Heineken Concerts no Tom Brasil, em São Paulo, no último sábado, teve a tarefa de apresentar a um mesmo público boa parte do elenco da gravadora Trama.
Boa sacada da empresa, mas um tanto enfadonho para quem assistiu apenas a um pocket show das sete (!) atrações da noite por quase quatro horas -uma longa sucessão de "coitus interruptus".
Tom Zé, 62, abriu a noite, com 22 minutos de atraso, falante, empolgadíssimo, com "Curiosidade", faixa de "Defeito de Fabricação", disco mais recente do compositor baiano.
Evocando um arrastão "light", Tom Zé era um poço de energia tropicalista. Cobria-se e descobria-se com uma capa azul ("Politicar"), rasgava seu paletó e chicoteava-se com o cinto, em "Juventude Javali". Só quatro músicas, e Tom Zé deixou o público querendo mais. De dar inveja a roqueiros com um terço de sua idade.
A Banda de Pífanos de Caruaru -pífano mesmo só um- fez da pista do Tom Brasil um salão de forró com "Asa Branca". A casa ainda estava cheia.
Os violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno, o Duofel, mesmo um pouco deslocados entre as atrações da noite, surpreenderam com a versão de "Tropicália". E foi só.
Depois de Marcos Suzano e seu regionalismo "jazzy", o soulman Claudio Zoli fez um show no piloto automático, quase bocejante, com hits (?) como "Noite do Prazer" e "À Francesa". A presença de um DJ passou em branco.
O pernambucano Otto deixou o palco contra a vontade do público, depois das versões mais sujas e com teclados de "TV a Cabo" e "Low". OK.
O quarteto eletrônico M4J, com metade da platéia inicial, não decepcionou, mesmo com uma iluminação capenga.
Mas inusitada foi a jam final, à 1h30, com M4J e a Banda de Pífanos, com o sócio da Trama João Marcelo Bôscoli na bateria, em "Isso Aqui Tá Bom Demais", um "arrasta-tecno" que ficou no exótico apenas.
E o público pedia Tom Zé...

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