São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011 |
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ANÁLISE Em novo álbum, Romulo Fróes se distancia dos ícones da MPB ROGÉRIO SKYLAB ESPECIAL PARA A FOLHA Quando ouvi "No Chão Sem o Chão", disco de Romulo Fróes de 2009, achei que ele havia chegado onde almejara. "No Chão..." dependia dos discos anteriores: "Calado" e "Cão". E essa duplicidade o engrandecia. O que distingue o artista da nova leva de compositores não é apenas o fato de ele ser o arauto da nova música. Ele dramatiza essa música. E "No Chão Sem o Chão" era a maior prova disso: a canção expandida, segundo Luiz Tatit, ou a "estética do longe", como tentei defini-la. Esse é o terceiro ciclo da nossa música. O primeiro começa com a bossa nova e chega até os anos 80. A vanguarda paulistana e o rock-Brasil compõem o segundo. A partir de Marisa Montes e Los Hermanos, entramos no terceiro. Aqui não há mais confrontação. A intenção perdeu a força e a voz. É solitária e vazia. O que era expressivo passa a ser neutro. Em "No Chão sem o Chão", estamos num museu natural. Há Chico, Caetano, Djavan... Empalhados, mas presentes. "Um Labirinto em Cada Pé", no entanto, aumenta a distância dos ícones. Eles estão esmaecidos, invisíveis. Personagens concretos perdem a nitidez. Fróes parte para o esvaziamento. Cheguei a pensar no efeito de duplicidade na "estética do longe", que mais amortiza do que intensifica os objetos. Ledo engano. "Ditado" diz: "A vida às vezes tem um lado/ A vida às vezes tem dois lados/ A vida até tem três ou quatro/ Anota bem o meu ditado/ Às vezes fica até quadrada/ Mas bem lá dentro você sabe/ A vida é círculo e é elipse/ Quando ela é sol ela é eclipse/ Quando ela morre é que ela vive". "Um Labirinto em Cada Pé" leva essa nova música mais longe. O círculo ultrapassa a duplicidade. ROGÉRIO SKYLAB é músico Texto Anterior: Todos por um Próximo Texto: Clássicos de Hugo Pratt e Moebius invadem livrarias Índice | Comunicar Erros |
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