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Morre Jorge Zahar, aos 78 anos, no Rio
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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A mulher do editor Jorge Zahar e Luís Schwarcz no velório, no Rio
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da Sucursal do Rio
O editor Jorge Zahar, 78, morreu
anteontem no Rio, por volta das
23h40, durante uma cirurgia no
coração. Ele era considerado um
dos mais importantes editores do
país.
Antes da cirurgia, Zahar ficou
internado por duas semanas no
hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo (zona sul do Rio), por causa de
uma endocardite coronariana (inflamação da membrana que reveste internamente o coração).
O corpo do editor foi velado por
parentes e amigos durante todo o
dia de ontem no cemitério São
João Batista, em Botafogo, e deve
ser cremado hoje, às 9h.
Zahar começou sua carreira como editor em 1956, quando fundou a Zahar Editores, que manteve em associação com seus irmãos, Ernesto e Lucien, até 1984.
Em 1985, constituiu uma nova
editora, Jorge Zahar Editor, com
seus filhos, Jorge Júnior e Ana
Cristina.
Ao longo de 41 anos, Zahar editou cerca de 2.000 títulos brasileiros e estrangeiros, a maioria deles
dedicados a temas das ciências sociais.
"Manual de Sociologia"
O primeiro, uma tradução do
"Manual de Sociologia" de Rumney e Meier, em 1957.
"Ele tinha uma grande preocupação social. Mais que um empresário do mercado editorial, era um
humanista e idealista", disse o antropólogo Gilberto Velho, que teve vários títulos seus editados pela
editora de Zahar.
Para Sérgio Machado, da editora
Record, Zahar era conselheiro e
mentor da atual geração de editores do país.
"A opinião dele era sempre fundamental. Ele deixa como legado a
preocupação que tinha em produzir livros permanentes e não que
tivessem sucesso imediato", disse
Machado.
Para o editor Paulo Rocco, a
principal característica era "ser
amigo de todos".
"A palavra dele tinha grande peso em qualquer decisão tomada no
mercado editorial brasileiro. Como editor, ele escreveu uma das
páginas mais importantes da literatura brasileira", disse Paulo
Rocco.
Luís Schwarcz, da editora Companhia das Letras, conhecia o editor há 15 anos e o considerava
"como um segundo pai".
"Tínhamos uma relação de pai e
filho. Foi ele que me orientou na
formação da Companhia."
Segundo Schwarcz, a morte de
Zahar encerra uma geração pioneira de editores brasileiros, na
qual estavam incluídos, Ênio Silveira, Alfredo Machado e José
Olympio.
"Todos eles foram pioneiros,
mas Zahar, além disso, foi também idealista. Nunca fez concessões aos interesses comerciais do
mercado", disse o editor Luís
Schwarcz.
Para o fundador da editora Perspectiva Jacó Guinsburg, o principal mérito do trabalho de Zahar
foi a "qualidade das edições e das
obras escolhidas" por ele.
"Seu papel foi revolucionário,
redefinindo o processo editorial",
completou Guinsburg.
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