São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEMANA DA MODA
Apostas do underground viram gente grande

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Algumas das apostas do cenário underground paulistano desfilaram na noite de anteontem, na estréia da 8ª Semana de Moda, o evento para jovens criadores realizado na Barra Funda, em São Paulo, que termina hoje.
Com um vídeo tipo líquido de Ruth Slinger e um (já) nostálgico clima tecno, a V-Rom, de Rogerio Hideki e Victor Santos, abriu a noite com um streetwear evoluído, amadurecido. A marca distancia-se das proporções oversized e cria uma silhueta esguia e elegante. Brinca de uniformização buscando a individualidade, em formas fluidas inspiradas na arquitetura das supercidades.
Com um pé no esporte, vemos regatas, bermudas, calças e velcros; o outro pisa no asfalto, tendo bolsos sinalizados com $, e lugar para celular. Na V-Rom o futuro é hoje e é confortável, em look vermelho ou branco, este com assepsia quase medicinal. A marca é leve, agradável, saudável. É um bom chill-out de manhã.
Fabia Bercsek, cheia de hype, fez desfilar suas riot girls românticas, em frufrus e estampas cor-de-rosa, em camisas e short-saias, meio brechó. A organza serve de base para desdobramentos em losangos que viram detalhes e decotes.
O mesmo material vem no black, transparente, no macaquinho, ou no microvestido desfiado em furta-cor em amarelo e rosa, preso com cintinho preto. O desfile bem que poderia ter terminado nas peças em tricô de cortina, no bloomer rosa, no top pink ou no top e short preto, com a modelo seminua, meio Mugler 80 -bom. Assistente de Alexandre Herchcovitch, Fabia promete.
Mário Queiroz continua evoluindo, olhando para o lado mais streetwear do Japão. De alma refinada, ele aproveita a estamparia em transfer, os ideogramas, os jovens rebeldes e os modernos tecidos empapelados e plastificados da empresa Gunsan. Se quem conhece o Japão quer ver mais, para Mário está de bom tamanho. Sem excessos, seus meninos usam camisas de proporções corretas, mais curtas. E brinca de logomania no pijaminha cinza e preto em Thiago Nouer, ficando sexy.
As calças secas, mais curtas, ou as bermudas urbanas vêm com a camisa de corte-faca azuladas, em tons que desafiam nomenclaturas. A estampa meio "Vale do Amanhecer", "on the road", vira camisa e sunga. Comercial com personalidade, agora sim.
No final, Carlota Joaquina olha para a natureza, em desfile conceitualmente perfeito -bom para alunos de faculdade de moda verem como se desdobra um tema. Trekking, floresta, khaki e naturais, mais o sol (em versão psicodélica) aparecem na passarela de Carla Fincato.
O melhor são as estampas e os patchworks. Bom também, o não-acabamento no silicone dourado e as combinações de cores de oliva e verde-fluo. Mas algumas formas ficam mais próximas da adolescência de Miu Miu do que gostaríamos nós, da Semana de Moda.


Texto Anterior: "A Vida é Cheia de Som e Fúria": Ator brilha em quase monólogo, quase clipe
Próximo Texto: Televisão: Luana Piovani "estréia" na MTV em agosto
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.