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SEMANA DA MODA
Apostas do underground viram gente grande
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Algumas das apostas do cenário underground paulistano desfilaram na noite de anteontem, na estréia da 8ª Semana de
Moda, o evento para jovens criadores realizado na Barra Funda,
em São Paulo, que termina hoje.
Com um vídeo tipo líquido de
Ruth Slinger e um (já) nostálgico
clima tecno, a V-Rom, de Rogerio
Hideki e Victor Santos, abriu a
noite com um streetwear evoluído, amadurecido. A marca distancia-se das proporções oversized e cria uma silhueta esguia e
elegante. Brinca de uniformização buscando a individualidade,
em formas fluidas inspiradas na
arquitetura das supercidades.
Com um pé no esporte, vemos
regatas, bermudas, calças e velcros; o outro pisa no asfalto, tendo
bolsos sinalizados com $, e lugar
para celular. Na V-Rom o futuro é
hoje e é confortável, em look vermelho ou branco, este com assepsia quase medicinal. A marca é leve, agradável, saudável. É um
bom chill-out de manhã.
Fabia Bercsek, cheia de hype, fez
desfilar suas riot girls românticas,
em frufrus e estampas cor-de-rosa, em camisas e short-saias, meio
brechó. A organza serve de base
para desdobramentos em losangos que viram detalhes e decotes.
O mesmo material vem no
black, transparente, no macaquinho, ou no microvestido desfiado
em furta-cor em amarelo e rosa,
preso com cintinho preto. O desfile bem que poderia ter terminado nas peças em tricô de cortina,
no bloomer rosa, no top pink ou
no top e short preto, com a modelo seminua, meio Mugler 80
-bom. Assistente de Alexandre
Herchcovitch, Fabia promete.
Mário Queiroz continua evoluindo, olhando para o lado mais
streetwear do Japão. De alma refinada, ele aproveita a estamparia
em transfer, os ideogramas, os jovens rebeldes e os modernos tecidos empapelados e plastificados
da empresa Gunsan. Se quem conhece o Japão quer ver mais, para
Mário está de bom tamanho. Sem
excessos, seus meninos usam camisas de proporções corretas,
mais curtas. E brinca de logomania no pijaminha cinza e preto em
Thiago Nouer, ficando sexy.
As calças secas, mais curtas, ou
as bermudas urbanas vêm com a
camisa de corte-faca azuladas, em
tons que desafiam nomenclaturas. A estampa meio "Vale do
Amanhecer", "on the road", vira
camisa e sunga. Comercial com
personalidade, agora sim.
No final, Carlota Joaquina olha
para a natureza, em desfile conceitualmente perfeito -bom para alunos de faculdade de moda
verem como se desdobra um tema. Trekking, floresta, khaki e naturais, mais o sol (em versão psicodélica) aparecem na passarela
de Carla Fincato.
O melhor são as estampas e os
patchworks. Bom também, o
não-acabamento no silicone dourado e as combinações de cores de
oliva e verde-fluo. Mas algumas
formas ficam mais próximas da
adolescência de Miu Miu do que
gostaríamos nós, da Semana de
Moda.
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