|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA/ESTRÉIA
"EVOLUÇÃO"
Comédia de ficção científica traz ator como pesquisador que encontra vida alienígena no deserto do Arizona
David Duchovny volta a enfrentar ETs
MILLY LACOMBE
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
David Duchovny estava em casa
vendo televisão quando recebeu
um telefonema do diretor Ivan
Reitman, com quem acabara de
filmar "Evolução". Sua voz era urgente: "David, estou aqui fazendo
uma exibição-teste do filme e tem
uma frase dita por seu personagem que provoca risadas histéricas. O único problema é que essa
não era uma das falas que deveria
gerar esse tipo de reação".
Duchovny conta que entrou em
pânico porque pensou que as risadas eram irônicas e que ele provavelmente havia representado
aquela cena de forma exagerada.
"Esse é meu maior medo. Tenho
pesadelos que um dia vou ser flagrado atuando", disse ele à Folha,
em Los Angeles. O que serve para
explicar seu comportamento
sempre suave e quase monocromático diante das câmeras.
"Pelo amor de Deus, diga qual é
a frase?", disparou ele aflito. "Não
confie no governo, conheço essa
gente", contou Reitman , que, naturalmente, nunca assistiu a um
episódio de "Arquivo X" - série
televisiva na qual Duchovny interpretou, por sete anos, um
agente especial do governo americano que investiga situações alienigenamente sobrenaturais.
"Foi só quando me dei conta da
coincidência que respirei aliviado", lembra ele. "Mas durante as
gravações, nunca imaginamos
que essa frase pudesse ter interpretação dúbia."
Duchovny aceitou fazer o papel
de um pesquisador que descobre
vida alienígena no deserto do Arizona na comédia de ficção científica "Evolução" porque precisava
desesperadamente trabalhar em
algo diferente de "Arquivo X".
""Evolução" parecia ser a opção
mais radical, mesmo que eu tivesse de voltar a enfrentar ETs. Só
não sabia que trabalhar em comédia era tão estressante", disse ele,
que no filme se vê metido em esquisitices como ter de duelar com
o que só pode ser descrito como
um ânus alienígena de quatro metros de largura.
"Chegava ao set pensando como faria para ser engraçado naquela manhã, almoçava pensando em como faria para ser engraçado à tarde e voltava para casa
pensando como faria para ser engraçado no dia seguinte. É esgotante." Para ele, drama é mais
simples e muito menos cansativo.
"Você só precisa ser obscuro e
mal humorado, e o trabalho está
feito", brinca.
Depois de deixar o agente Mulder de "Arquivo X" para trás, Duchovny pretende dedicar-se à carreira de escritor e diretor. "Escrever é minha evolução natural. Tive de abandonar o hábito por causa do sucesso de "Arquivo X".
Agora quero dar um tempo para
conseguir roteirizar um filme",
diz o homem formado em literatura e que abandonou sua tese de
doutorado ("Mágica e Tecnologia
na Ficção e na Poesia Contemporânea Americana") pela metade.
"Pretendo escrever algo que seja
despretensioso, nada de filmes-cabeça." Casado com a atriz Téa
Leoni e pai de uma menina de
dois anos, ele diz que essas decisões foram tomadas quando sua
filha ficou com pneumonia.
"Vê-la no hospital, indefesa, e
perceber que, naquela hora, eu
não podia ajudá-la, transformou-me. Eu jurei que, se ela escapasse,
não desperdiçaria mais um minuto de minha vida."
Texto Anterior: "Oito Mulheres e Meia": Greenaway faz do erotismo um problema matemático Próximo Texto: Irreverência dos atores surpreende diretor Índice
|