São Paulo, segunda, 13 de julho de 1998

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EXPOSIÇÃO
MAM apaga 50 velinhas em francês


Obras de 51 artistas, entre Picasso e Soulages, serão exibidas a partir de amanhã no museu


Reprodução
'Mulher de Olhos Azuis', de Modigliani, faz parte da mostra comemorativa do MAM de São Paulo


CAMILA VIEGAS
da Reportagem Local

A exposição que comemora o cinquentenário do Museu de Arte Moderna de São Paulo começa amanhã, às 19h. Trata-se da "Coleção do Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris: de Picasso a Soulages", mostra organizada por curadores do museu francês.
O MAM foi fundado em 15 de julho de 1948, com a exposição de seu acervo, que contava com pinturas de Anita Malfatti, Bonadei, Chagall, Di Cavalcanti, Picasso, Kandinsky e Volpi, entre outros.
A maior parte dessas obras foi doada por Francisco Matarazzo Sobrinho (1898-1977), o Cicillo, que presidiu o museu até 1963. A primeira exposição temática ocorreu somente em 8 de março de 1949 e é ela a grande inspiradora da mostra que abre hoje.
Com sede no terceiro andar do número 230 da rua Sete de Abril, o MAM recebeu 95 obras que mostravam a linha evolutiva da arte européia, "Do Figurativismo ao Abstracionismo". Participaram daquela mostra peças de Alexander Calder, Fernand Léger, Francis Picabia, Frank Kupka, Hans Hartung, Jean Arp, Joan Miró, Victor Vasarely, Robert Delaunay e outros artistas selecionados pelo curador belga Léon Dégand.
Alguns deles estão presentes em "De Picasso a Soulages", caso de Chagall, Léger, Kupka e Picasso. "Queríamos homenagear a mostra inaugural do MAM com uma exposição que desse uma visão geral da produção artística na França do fim do século passado até meados do século 20", explica o curador, Tadeu Chiarelli.
A montagem é cronológica. Duas esculturas de Picasso do último período da fase rosa (que antecede o cubismo) e uma pintura de Matisse, de 1901, recebem os visitantes. As cores intensas não-descritivas dos fauvistas vêm a seguir. Há um dos primeiros quadros do movimento, "O Modelo" (1901), de Matisse, além de obras como "Le Dos" (1923), de André Derain.
O cubismo é representado pelos criadores Braque e Picasso e por obras como "As Banhistas" (1912), de Gleizes, e "Homem com um Cachimbo" (1920), de Léger.
Da Escola de Paris destacam-se os retratos. "Mulher com Olhos Azuis" (1918), de Modigliani, mostra a graça do desenho rítmico e simplificado do artista que escolheu Paris para produzir quase toda a sua obra.
A arte produzida depois da Primeira Guerra Mundial procurava renovar o cenário artístico. Numa dessas tentativas nasceu o abstracionismo do pintor e artista gráfico tcheco Frank Kupka. Na mostra está presente a tela "Planos Diagonais", de 1925.
A figuração daquele período teve características próprias que podem ser notadas em "Compoteira" (1925-27), de Juan Gris, e "A Guerra" (1925), de Marcel Gromaire. "É desse grupo também o artista Raoul Dufy, que influenciou os brasileiros Guignard, De Fiori e Volpi", explica Chiarelli.
A última fase compreendida na exposição vai do período pós-guerra à década de 60. O francês Pierre Soulages é o principal representante da época, com pinceladas densas de tinta escura e qualidade escultórica, como em "16 Decembre 1959" (1959).
Na primeira exposição do MAM, em 1949, além dos franceses, estava prevista a participação de uma delegação da Escola de Nova York, que desistiu na última hora, alegando falta de verba.
Para Chiarelli, houve uma disputa de territórios entre a cultura francesa, radicalizada nos centros brasileiros, e a emergente produção norte-americana. É bom lembrar que o MoMA de Nova York apoiou a construção do MAM. "Se houve essa guerra, uma das batalhas foi aqui."


Exposição: Coleção do Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris: de Picasso a Soulages Onde: Museu de Arte Moderna (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 549-9688) Quando: ter, qua e sex, das 12h às 18h; qui, das 12h às 22h; sáb, dom e feriados, das 10h às 18h; até 13 de setembro Quanto: de R$ 2,50 a R$ 5; grátis para menores de 10 anos ou maiores de 65 anos Patrocinador: Carrefour


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